Médicos do Hospital de Amor de Barretos (SP) e da Universidade de São Paulo (USP) fizeram um levantamento nacional avaliando mamografias de mulheres brasileiras. Eles descobriram que a ancestralidade das mulheres pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de câncer de mama.
O estudo apontou que mulheres com ascendência africana têm uma tendência maior a ter o subtipo de câncer de mama mais agressivo, o triplo-negativo. “Ele se multiplica mais rápido e tem menos opções de tratamento”, esclarece o oncologista René Aloisio da Costa Vieira, um dos autores do estudo à Agência Fapesp.
Para chegar à conclusão sobre o risco da ancestralidade, os pesquisadores avaliaram os exames de 1 mil mulheres de todas as regiões do Brasil. A relação foi observada a partir de avaliações genéticas e não pela cor da pele, já que as ascendências não necessariamente se refletem em características externas do corpo.
A pesquisa foi publicada na revista Clinical Breast Cancer em junho deste ano. Das 1 mil mulheres avaliadas, 16,2% tinham tumores do tipo triplo-negativo, enquanto 42% dos casos eram de mulheres com ascendência africana, mesmo que, no estudo, o grupo fosse menor que o das mulheres com ascendência europeia.
Câncer de mama triplo-negativo O triplo-negativo é o tipo mais frequente de câncer de mama em mulheres com menos de 40 anos. Corresponde a cerca de 10% dos diagnósticos e não se sabe exatamente como surge. “Os dois anos indicados atualmente no SUS entre uma mamografia e outra podem ser muito tempo para quem estiver com um tumor triplo-negativo, que duplica de tamanho com muita rapidez. O ideal seriam exames anuais, especialmente em mulheres com ascendência africana”, afirma Vieira.