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Câncer - Cresce o número de pacientes que vencem a doença (1 notícias)

Publicado em 04 de junho de 2004

Apesar do número de óbitos por câncer registrado no Brasil e no mundo ser elevado, isso não significa absolutamente que todo tipo de câncer permanece incurável, como muitos acreditam. No Hospital do Câncer - A.C.Camargo, de São Paulo, um dos centros nacionais de referência no tratamento da doença, por exemplo, dois terços dos cerca de 5 mil pacientes atendidos anualmente se curam. E sem se considerar idade, sexo. tipo de tumor ou estágio da doença que essas pessoas apresentavam no momento em que iniciaram o tratamento. Nos principais centros oncológicos do Brasil e de fora se registram índices semelhantes. Nos Estados Unidos, onde há muitas estatísticas, metade dos doentes de câncer vencia a doença 30 anos atrás. Hoje. a taxa média chega a 63%. Alguns dão pouca importância a esse progresso, perto de reduções da ordem de 60% no número de mortes por infarto e derrame no mesmo período. Para outros, porém, esse avanço não é nada desprezível. Uma das grandes dificuldades na luta contra o câncer é o processo de metástase. a disseminação das células anormais do tumor para outras partes do corpo além do local original em que elas apareceram. Os recursos terapêuticos nesses casos ainda são limitados e os prognósticos para os pacientes, reservados. Uma boa notícia é que os anos de sobrevida aumentaram para os pacientes com tumores diagnosticados e tratados em seus estágios iniciais, mas o prognóstico para os casos em que a doença já se mostra disseminada pelo organismo praticamente não se alterou. E quando se fala em estatísticas, aumento no número de casos, prognóstico, é preciso considerar aspectos até paradoxais, como a melhoria das condições de saúde e higiene de grandes fatias da população mundial e ao progresso da ciência. As pessoas hoje vivem muito mais do que no passado. "Quanto mais velho e desenvolvido um país, maior o seu número de óbitos por câncer", comenta a estatística Marceli de Oliveira Santos, da coordenação de Vigilância e Prevenção do Inca. Nas últimas décadas, a pesquisa médica acumulou importantíssimas informações sobre esse vasto e diversificado grupo de condições clínicas, originadas pelo crescimento descontrolado de células em alguma parte do corpo, que recebe o nome genérico de câncer. Tais avanços, somados à maior informação sobre a doença entre os leigos, ajudaram no diagnóstico precoce de vários tipos de câncer. Tudo isso faz com que figurem nas estatísticas mais casos e mortes atribuídas à doença. Por outro lado. o estilo de vida do homem moderno o expõe a muitos fatores de risco que predispõem ao câncer, como fumar, tomar sol em excesso, beber demais e ter contato prolongado com produtos químicos potencialmente carcinogênicos ou vírus. Há também a questão genética. Cerca de 15% das causas de câncer são hereditárias. Entretanto, surgiram também novas famílias de tratamentos que, aos poucos, ganham espaço como terapias alternativas ou complementares. Esse é o caso da imunoterapia. Já há anticorpos monoclonais, como o Herceptin, do laboratório Roche, sendo usados contra alguns tipos agressivos de câncer de mama. No Hospital das Clínicas de São Paulo, uma vacina gênica desenvolvida no país, com DNA modificado, está sendo testada em pacientes com tumores de cabeça e pescoço em estágio bastante avançado. Outras apostas da ciência contra o câncer são a s drogas antianglogênese. Esses compostos têm como objetivo cortar a fonte de nutrientes que, via vasos sanguíneos, abastecem os tumores. Fonte: texto de Marcos Pivetta na revista Pesquisa, da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo)