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Cana tolerante a secas? (14 notícias)

Publicado em 22 de dezembro de 2021

Por Carla Santos

Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) ) avalia a capacidade de plantas, a exemplo da cana-de-açúcar, se adaptarem a períodos mais longos de secas. O estudo se desenvolve no cenário climático atual, de estiagens mais frequentes e intensas. Pesquisadores desenvolvem uma metodologia para tornar as mudas pré-brotadas mais tolerantes à seca.

Palha

Neste ano, muitas lavouras de cana viraram palha. Portanto, a safra 2021/22 deve ser 15% menor do que a anterior, estima a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil.

O estudo Bases moleculares da memória à seca é coordenado pelo agrônomo especialista em fisiologia vegetal e professor do Departamento de Biologia Vegetal da Unicamp, Rafael Vasconcelos Ribeiro. O trabalho visa desenvolver plantas “treinadas” para enfrentar a escassez hídrica.

A ideia é que essas plantas sejam, inclusive, capazes de repassar a “memória” da seca para as suas mudas. “Realizamos duas rodadas de testes em laboratório, com diversas variedades desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC), em Campinas. Os resultados são muito animadores.

Rafael Vasconcelos Ribeiro

Segundo o professor, houve boas respostas de tolerância à estiagem. “Tanto a cana pré-brotada submetida a um processo controlado de estresse hídrico, quanto as mudas originadas de plantas estressadas.”

Verificou-se uma rápida recuperação da fotossíntese logo depois de encerrado o período de insuficiência de água. Além de maior crescimento da planta.

Submeter a cana pré-brotada ao estresse hídrico como forma de prepará-la para futuros períodos de estiagem no campo vai na contramão das boas práticas no campo. “Isso é meio contra-intuitivo, não parece lógico”, admite o pesquisador.

Mas testes em laboratório têm indicado justamente o oposto: temos de fazê-las experimentar o estresse hídrico ainda no viveiro.

Rafael Vasconcelos Ribeiro

A iniciativa tem financiamento do Programa de Pesquisa em Bioenergia da FAPESP (Bioen) e apoio do Instituto Max Planck (Alemanha).

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