A cana-de-açúcar foi o cultivo que mais contribuiu para a retirada de carbono (CO²) da atmosfera em 118 dos 125 municípios da região Nordeste do Estado de São Paulo, onde se situa Ribeirão Preto, entre 1988 e 2003.
Na tarde de ontem, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) apresentou a conclusão do estudo da alteração da quantidade de carbono na vegetação agrícola. Esse medida é conhecida como fitomassa.
Na área avaliada, com 51,7 mil quilômetros quadrados, foram pesquisadas oito culturas. O trabalho revelou que houve aumento de 60% do CO² retirado da atmosfera e incorporado na fitomassa, passando de 170 milhões para 270 milhões de carbono em 15 anos.
Sozinhas, as áreas destinadas ao plantio de cana elevaram em 11% a quantidade de carbono retirado da atmosfera na região.
Melhor que gasolina
"Ao contrário de quem usa carro a gasolina, a cana está produzindo um antiefeito estufa por favorecer a recuperação das encostas nas antigas áreas de pastagem. Na efetiva situação dessa região, esse é um aspecto positivo para a cana", explicou Evaristo Eduardo de Miranda, chefe geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, sediada em Campinas.
Segundo ele, as novas gerações das famílias que desbravaram a região, com a franca expansão do cultivo da cana, estariam recuperando quase um quarto do carbono emitido por seus antepassados.
Estudo avalia impacto de eucalipto e soja
O trabalho realizado para avaliar a alteração de carbono na fitomassa agrícola foi baseado no Sistema de Gestão Territorial da Abag-RP (Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto).
Além da cana, o estudo avaliou a concentração de CO² em pastagem, eucalipto, seringueira, café, citrus, soja e milho, em parceria com a Embrapa e com a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
"É uma ferramenta absolutamente inédita para o agronegócio da região, com respostas concretas, científicas e técnicas para muitas das questões colocadas sobre a cana, carregadas em várias oportunidades com alguma dose de ideologia", comentou a diretora-executiva da Abag, Mônika Bergamaschi.
Segundo ela, a Abag defende que estudos semelhantes sejam feitos em todo território paulista e também no país, para agregar na formatação de políticas públicas para o setor do agronegócio.