Notícia

Jornal da USP

Campus de cara nova

Publicado em 06 março 2011

Por João Grandino Rodas

João Grandino Rodas

A Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, no Butantã, campus principal sede da Universidade, necessita urgentemente de modernização de suas estruturas: prediais (tanto externa como internamente), iluminação pública, de informática etc. Comparativamente, é o campus da USP que está mais depauperado.

Não se trata, simplesmente, de preocupação com o cartão-postal da USP, mas de que ele tenha condições funcionais básicas de ensino, pesquisa e extensão, razões de ser da própria Universidade. Dentre os locais deprimentes do campus, se sobressaem a área dos barracões e o prédio originário da Reitoria.

Em local nobre, subsistem barracões, construídos provisoriamente, com quase cinquenta anos, cobertos com telha de amianto e cujo sistema de drenagem externa propicia acumulação de água, com todas as consequências advenientes.

Com o passar dos anos, o edifício mais alto e símbolo da Cidade Universitária, situado estrategicamente em frente à Praça do Relógio, transformou-se em um "cortiço", passando a abrigar, de maneira precária, órgãos da Universidade e depósitos dos mais variados.

Nas últimas décadas, o único projeto arquitetônico de peso foi o do edifício da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, que, com a licitação recentemente feita, estará terminado em dez meses.

Muito embora o campus em questão pareça ter grande extensão, o fato é que os locais que podem receber construções praticamente estão no final. Não sendo possível nem desejável transformar áreas verdes em construções, é necessário racionalidade.

Pelo sistema da USP, cabe às suas unidades de ensino e pesquisa, institutos e museus propor as melhorias estruturais, que,aprovadas pelos Órgãos Centrais, são realizadas. À Reitoria, cabe realizar obras para a administração geral e órgãos não-autônomos.

Na atualidade, a grande maioria das unidades situadas na Cidade Universitária está construindo prédios e outras melhorias, cujo impacto será notado em breve, em termos de facilitação de ensino e pesquisa. Um único exemplo é a restauração do prédio sede da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, projetado por João Batista Vilanova Artigas e cujas obras foram concluídas em 1969.

Como a vontade inicial cabe a cada unidade, há poucos casos de falta de decisão. Somente para dar um exemplo, há um ano solicitei, pessoalmente, a dirigente de importante e necessitada unidade que informasse o que necessitava em termos de estrutura. Apesar de minha reiteração, até o momento a resposta é que estão resolvendo o que precisam!

Hoje, a Reitoria está realizando, na Cidade Universitária, além do citado prédio da Biblioteca Mindlin, a restauração do prédio original da Reitoria, a reforma e ampliação do Auditório Camargo Guarnieri, a construção de complexo com 70 mil metros quadrados no local dos barracões, o edifício dos Museus de Zoologia e Arqueologia e Etnologia, com projeto de Paulo Mendes da Rocha, e o Centro de Convenções, com projeto de Paulo Bruna.

Para tanto, impôs-se a necessidade de alojar em outros locais os ocupantes do prédio original da Reitoria e dos barracões. Tal alojamento está se dando tanto em locais dentro da Cidade Universitária quanto, por ausência de espaço, fora dela.

Preferiu-se alojar dentro do campus os órgãos diretamente ligados ao ensino e à pesquisa. Para citar alguns exemplos, foram remanejados internamente o Sistema Integrado de Bibliotecas, o Instituto de Estudos Avançados, o Núcleo de Estudos da Violência, o Núcleo de Estudos da Mulher, a Biblioteca José Reis, a Escola do Futuro, o Conselho de Ética, o Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática e o Laboratório de Sustentabilidade.

Foram transferidos para locais externos a Procuradoria Geral, que está localizada próxima ao Fórum, e a Agência USP de Inovação; e, parcialmente, o Centro de Computação Eletrônica, a Coordenadoria de Tecnologia da Informação, a Coordenadoria de Comunicação Social e a Editora da USP (Edusp). O back-up de todo o sistema computacional da Universidade ficará abrigado, com toda a segurança, em local externo à Cidade Universitária. Essa medida básica de segurança é praxe em todo órgão de certo porte.

Funcionários de setores que se localizarão fora, que preferirem ficar trabalhando dentro do campus, podem recorrer à permuta com colegas ou solicitar à Administração a transferência para setores que permanecerão. Os funcionários que passarem a trabalhar fora do campus farão jus ao vale-refeição, no valor de R$ 15,90 (a ser reajustado proximamente).

Cerca de 300 funcionários passarão a trabalhar em locais externos ao campus, por volta de 3% do total que nele laboravam. Fim das as obras, o prognóstico é que os órgãos alojados fora do campus a ele retornem, com exceção do back-up do sistema computacional, que permanecerá no Centro Empresarial, em Santo Amaro, em andar que a USP adquiriu da Fapesp.

Os 70 mil metros quadrados do complexo que substituirá os barracões serão destinados meio a meio para atividades docentes e de pesquisa e atividades administrativas.

Assim, órgãos agora deslocados da própria área poderão voltar para sedes dignas e funcionais.

No complexo dos barracões, funcionará o Centro de Difusão Internacional da Universidade, composto por escola de línguas, em nível funcional, quer para alunos brasileiros que se preparem para estudar no exterior, quer para o aprendizado de língua portuguesa por parte de estrangeiros que estudam na USP. Ademais, nele será localizado o centro de recepção para alunos estrangeiros e escritórios de organismos internacionais como Unesco, DAAD, Comissão Fulbright, Instituto Confúcio etc.

A ampliação do Auditório Camargo Guarnieri possibilitará, além da atualização do auditório com mais de três décadas de uso, a construção de dois outros auditórios e de ampla construção adjunta. Será local de residência (escritório administrativo, artístico e local para ensaios e apresentações) da Orquestra Sinfônica, do Coral e do Cinusp.

Urge a construção de sede apropriada para o Museu de Arqueologia e Etnologia, cujo grande e invejável acervo está localizado em prédio impróprio e inseguro. Por seu turno, o Museu de Zoologia, situado na avenida Nazaré, no Ipiranga, necessita de sede ampla e construída consoante as características de seu acervo. Parte dessa construção será feita em virtude de um Termo de Compromisso e Ajustamento de Conduta (TAC), do Ministério Público Federal em São Paulo, do qual a USP é beneficiária.

A construção de um Centro de Convenções é uma necessidade pela praticidade de se ter tal centro no próprio campus, sem se falar no alto dispêndio anual feito pela Universidade com a locação de espaços caros e nem sempre apropriados.

A maioria dessas obras está programada para ser realizada com dotações orçamentárias da USP, nos anos de 2010, 2011, 2012 e 2013, o que permite a diluição dos custos nesses quatro anos, o que corresponde a cerca de R$ 60 milhões por ano. É importante ressaltar que o custo das obras provém de rubricas orçamentárias específicas, não impactando, de nenhuma maneira, em rubrica de pessoal ou outras.

Com relação aos prédios utilizados pela Universidade para alojar temporariamente, fora do campus, alguns de seus órgãos, a USP terá apenas gastos de manutenção e de segurança.

Apesar da ênfase no campus da Capital, nos campi do interior, presentemente, tanto quanto em grande parte das unidades, a Reitoria vem realizando obras. Um exemplo disso é a construção do Centro de Convenções, no campus de São Carlos.

João Grandino Rodas é reitor da USP