O governador Geraldo Alckmin assina hoje decreto que institui o Sistema Paulista de Parques Tecnológicos, prevendo a criação de parques em Campinas, Grande São Paulo, São José dos Campos, São Carlos e Ribeirão Preto. O sistema que está sendo regulamentado tem como propósito promover a pesquisa e desenvolvimento, estimular a cooperação entre institutos de pesquisa, universidades e empresas, e dar suporte ao desenvolvimento de atividades empresariais intensivas em conhecimento.
O Parque Tecnológico de Campinas está previsto para uma área de 7 milhões de metros quadrados destinados à implantação de empresas e instituições de base tecnológica. É formado por áreas públicas e propriedades particulares entre as rodovias D. Pedro I e Campinas-Mogi Mirim, onde já estão instaladas empresas tecnológicas como a Xtal Fibras Ópticas S.A., Northern Telecom, centros de pesquisa como o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, a Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, entre outros.
O diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Carlos Henrique de Brito Cruz, lembra que o Sistema de Parques é uma iniciativa para estimular a organização dos parques e para que eles se desenvolvam de forma articulada. "A ação do governo do Estado está sendo muito importante pois evita uma competição deletéria entre os projetos de parques ao mesmo tempo que está conseguindo estimular, com metas e com recursos, uma emulação saudável", diz.
O governo estadual incluiu no orçamento recursos em quantidade expressiva para 2005 e para 2006. Os investimentos iniciais do governo são de R$ 20,7 milhões. Para a operação do programa de apoio aos parques, foi feito um convênio entre o governo estadual e a FAPESP de tal forma que a operação está sendo feita pela Diretoria Científica da FAPESP, com um empreendimento especial, coordenado pelo astrofísico João Steiner. O idealizador do projeto para o sistema, lembra Brito Cruz, foi Carlos Pacheco, do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia, João Carlos Meirelles, os parques tecnológicos servirão como ambientes propícios à realização de atividades de pesquisa e de desenvolvimento por empresas, em parceria com entidades públicas, com a conseqüente transferência de tecnologia e geração de inovação tecnológica. No caso de Campinas, os levantamentos necessários, com os respectivos estudos de viabilidade e plano de investimentos, foram financiados com recursos oriundos do governo do Estado e Ministério da Ciência e Tecnologia por meio da Secretaria de Ciência e Tecnologia (R$ 1,2 milhão), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) (R$ 1,3 milhão) e Prefeitura de Campinas (R$ 300 mil).
Empreendimentos imobiliários de grandes dimensões, os Parques Tecnológicos terão gestão privada e serão auto-sustentáveis, tendo em seu núcleo entidades públicas, científicas e tecnológicas.
Além da criação do Sistema de Parques, o governador assina hoje o projeto de lei de inovação para o Estado de São Paulo, que estabelece medidas de incentivo à inovação tecnológica, à pesquisa científica e tecnológica, ao desenvolvimento tecnológico e à extensão tecnológica em ambiente produtivo, visando a alcançar a capacitação e o desenvolvimento industrial e tecnológico internacionalmente competitivo do Estado de São Paulo.
O número
1,6 bi de dólares
É quanto deverá ser investido na área de Campinas, considerando uma ocupação de 60% para indústria e 40% para residências
Cidade leva vantagem, diz Brito Cruz
Parque existente no município é o mais estruturado, segundo diretor da Fapesp
Entre os parques tecnológicos que serão criados, o de Campinas é o mais estruturado de todos, conforme o diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Carlos Henrique de Brito Cruz. Desde 2003 já existem estudos de viabilidade que foram realizados pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em parceria com a Prefeitura e o governo do Estado, com financiamento da Financiadora de Projetos (Finep).
Campinas, diz Brito, tem local reservado por lei municipal e tem, na sua opinião, um parque tecnológico pronto ao qual só falta acrescentar uma estrutura institucional que permita articular melhor os atores (universidades, institutos, empresas e governo) e ganhar visibilidade internacional. "O conjunto de empresas e instituições de pesquisa que existe na região de Campinas é fortemente competitivo com o de qualquer parque tecnológico relevante do mundo, e o sistema de muitas formas já funciona como um parque", afirma.
A área do Parque Tecnológico já possui uma rede básica de fibra ótica e está inserida no programa da FAPESP, que interliga as principais instituições de pesquisa do Estado de São Paulo com moderno sistema de banda larga.
O projeto do parque de Campinas prevê uma área corporativa destinada à implantação de atividades de base tecnológica — um núcleo central onde ficarão as edificações de pré-incubação e incubação de empresas e as instalações de serviços compartilhados, além da sede gestora do empreendimento — e uma segunda área de uso misto que inclui, além do comércio e serviços de âmbito local, um setor de domínio residencial.
Isto implica uma operação imobiliária de grande porte que, como aconteceu em todos os parques tecnológicos bem-sucedidos pelo mundo, servirá como forma de alavancagem e de sustentação financeira do projeto como um todo, a começar pela incorporação das terras não públicas. (MTC/AAN)
Notícia
Correio Popular (Campinas, SP) online