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Caminhar no mínimo 7,5 mil passos ao dia reduz sintomas de asma, revela estudo da USP (114 notícias)

Publicado em 25 de junho de 2024

Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) revela que caminhar pelo menos 7.500 passos diários pode ajudar a controlar a asma moderada ou severa em adultos. Publicado recentemente no The Journal of Allergy and Clinical Immunology: In Practice, este estudo destaca a importância da atividade física para o manejo da asma.

Os pesquisadores sugerem que as políticas públicas e recomendações médicas deveriam focar no aumento da atividade física em vez de apenas reduzir o tempo de sedentarismo. Apesar da percepção comum de que são hábitos excludentes, uma pessoa pode ser fisicamente ativa (realizando atividades moderadas por pelo menos 150 minutos semanais) e ainda assim ter um comportamento sedentário (ficar sentada por mais de 8 horas diárias).

“Na maioria das vezes, as pessoas mesclam as duas situações: realizam atividade física três vezes por semana, por uma hora, mas trabalham o dia inteiro sentadas em um escritório”, explica Celso Ricardo Fernandes de Carvalho, professor de Fisioterapia Respiratória e Fisiologia do Exercício do curso de fisioterapia da FM-USP e orientador do estudo. “Isso significa que elas são ativas, mas também sedentárias, ou seja, exibem os dois comportamentos ao mesmo tempo”, disse a Julia Moióli da Agência FAPESP.

Impacto real O estudo, que analisou dados de 426 pessoas com asma moderada a grave em São Paulo e Londrina, avaliou a atividade física e o tempo de sedentarismo através de actigrafia, controle clínico da asma (Asthma Control Questionnaire – ACQ) e qualidade de vida (Asthma Quality of Life Questionnaire).

Também foram analisados sintomas de ansiedade e depressão e dados antropométricos e de função pulmonar. Os participantes foram divididos em quatro grupos: ativo/sedentário, ativo/não sedentário, inativo/sedentário e inativo/não sedentário.

“Observamos que, quanto mais atividade física a pessoa com asma realiza, melhor é o controle de sua doença”, conta Fabiano Francisco de Lima, pesquisador da FM-USP e primeiro autor do trabalho. Os resultados mostram que quem caminhava pelo menos 7.500 passos diários apresentou melhores pontuações no controle clínico da asma, independentemente do comportamento sedentário.

A porcentagem de pacientes com asma controlada foi significativamente maior nos grupos ativo/sedentário (43,9%) e ativo/não sedentário (43,8%) em comparação aos grupos inativo/sedentário (25,4%) e inativo/não sedentário (23,9%). O estudo também sugere que fatores emocionais, como ansiedade e depressão, podem dificultar o controle da asma.

Receio Embora a prática de atividade física por pessoas com asma já seja recomendada por profissionais de saúde, o tema ainda é visto com receio por parte da população. Isso porque as pessoas com asma sofrem a contração dos músculos das vias aéreas durante as crises.

“O costume de evitar que crianças e adultos pratiquem exercícios por conta da doença precisa começar a ser quebrado”, diz Lima. “Esse estudo contribui para isso ao sugerir a caminhada, atividade simples e sem custo agregado, e vai além, ao oferecer uma espécie de ‘nota de corte’, uma indicação da quantidade real de atividade física que o paciente deveria fazer – 7.500 passos por dia.”

De acordo com o pesquisador, outra recomendação importante seria que profissionais de saúde passassem a adotar um olhar mais direcionado para sintomas de ansiedade como estratégia de controlar a asma. Também participaram do estudo pesquisadores do Laboratório de Pesquisa em Fisioterapia Pulmonar da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar