Na última reunião da Câmara Setorial de Contabilidade do SESCON-SP, realizada em 21 de outubro, foi debatido o tema “Inteligência Artificial (IA) e seus Impactos no Negócio Contábil”. Apesar de ser um assunto que parecia ficção científica até alguns anos atrás, hoje é impossível não vermos a IA até mesmo no nosso dia a dia, quando usamos o assistente pessoal do smartphone.
Nilton de Araújo Faria, diretor da AESCON-SP, começou o debate com o seguinte comentário: “ainda que não façamos uso da inteligência artificial como instrumento de venda ou de atendimento, já utilizamos a tecnologia de alguma forma em nossos processos. Os fornecedores de software que trabalham com escritórios contábeis estão avançando nesse tema”, disse ele.
Segundo ele, a tecnologia não vai acabar com a profissão do contador do dia pra noite, mas pode entrar no atendimento ao cliente, esclarecendo dúvidas, por exemplo, trabalho que hoje consome tempo da equipe operacional. “É preciso lembrar que o cliente na outra ponta já busca a automação”, afirmou Faria.
Ana Maria Galloro, membro da Comissão e diretora social da AESCON-SP, apontou que, na medicina, a IA tem se sobressaído frente a médicos na indicação de tratamentos, porque é capaz de acompanhar a publicação de novos estudos assim que publicados. Já no direito, há sites que conhecem as leis e jurisprudência e aconselha o que a pessoa deve fazer em pequenas causas. A perspectiva na contabilidade é de que os clientes menores acabem indo diretamente para plataformas de IA contábil.
Por isso, a indicação é que as empresas do setor comecem a pensar em formas de trabalhar com a inteligência artificial. Uma das opções seria integrar APIs (Interface de Programação de Aplicações) com o sistema contábil. API é um conjunto de rotinas e padrões estabelecidos por um software para a utilização das suas funcionalidades por aplicativos que não pretendem envolver-se em detalhes da implementação do software, mas apenas usar seus serviços.
Uma das indicações apresentadas no encontro da Câmara Setorial de Contabilidade é a adoção de plataformas de análise de dados, como a Knime, gratuita e desenvolvida para quem não é programador. Nela é possível imputar dados para receber insights de negócio. “A solução é capaz de exportar arquivos do Excel e tem tutoriais com legendas em português no YouTube”, afirma.
Carlos Eurípedes Limberti, também membro da comissão e diretor do SESCON-SP, aconselhou que as empresas busquem no mercado formas de se capitalizar para investir em projetos de tecnologia. “A Investe SP, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, financia projetos de até R$ 50 mil sem garantias. O dinheiro não precisa ser devolvido, é subsídio”, disse. Ana complementou lembrando que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) tem um projeto parecido, com valores de R$ 200 mil para cima.
“Vamos precisar nos reinventar, assim como foi a Toyota, que lá no começo era uma tecelagem, e a IBM, que começou com máquinas de cortar mortadela, passou para computadores e hoje está no mercado de IA”, disse Nilton Faria.
Iniciativas do SESCON-SP
Além do impacto da Inteligência Artificial no setor contábil, a reunião trouxe um panorama das ações do SESCON-SP em benefício ao setor. Carlos Limberti também lembrou o projeto de Código de Defesa do Empreendedor, que conta com a participação do SESCON-SP e traz entre os pleitos um prazo maior para que os decretos passem ter validade, diferente do que acontece atualmente quando a validade é imediata. “Queremos um prazo de pelo menos 180 dias para que se possa receber a medida e estudá-la antes de passar ao cliente”, disse ele.
O SESCON-SP também está conversando com os órgãos de fiscalização de São Paulo para que a primeira visita dos fiscais seja orientativa e não punitiva. A ideia é que a multa só venha a partir da segunda visita. “Tivemos questionamentos na nossa ouvidoria a esse respeito”, disse Limberti.
O post CÂMARA SETORIAL DE CONTABILIDADE: EXTRAINDO VALOR DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL apareceu primeiro em Revista Sescon SP.