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Jornal do Brasil

Café sem cafeína é descoberto no Brasil (1 notícias)

Publicado em 24 de junho de 2004

Uma equipe de pesquisadores do Instituto de Biologia da Universidade de Campinas (Unicamp) descobriu uma forma de café que brota naturalmente descafeinado. Sua produção pode diminuir em muito os custo de produção deste tipo de produto. - Essa é também uma maneira de os países em desenvolvimento poderem competir com grandes indústrias distribuírem o produto sem cafeína - disse, à revista New Scientist, Paulo Mazzafera, um dos pesquisadores a descobrir a espécie. O vegetal estava entre mais de três mil mudas da variedade arábica importada pelo Brasil da Etiópia em 1964. - A planta possui 20 vezes menos cafeína em comparação ao arábica responsável por 80% da comercialização mundial. Se o café que tomamos traz de 1% a 1,2%, as análises em laboratório desta espécie apontaram somente 0,07%, praticamente zero. Trata-se de uma descoberta que vai colocar o café brasileiro novamente em evidência - declarou Mazzafera. Cafeeiros sem cafeína já foram encontrados em Madagáscar, mas eram de pior qualidade em relação ao arábica. - Esta é a primeira vez que se encontra café arábica descafeinado - explicou o cientista à revista Nature. Mais de 10% do café consumido no mundo é sem cafeína e o processo industrial para deixá-lo "menos forte" é caro e tira seu sabor. O processo para descafeinar o grão sem fazê-lo perder o gosto é ainda mais caro. Mas ainda faltam alguns aos até que a planta amadureça e possa gerar grãos a serem torrados e moídos para o consumo. A espécie nova parece crescer 30% mais devagar do que as outras espécies do café arábica, mas os pesquisadores pretendem cruzá-lo com cafeeiros que cresçam mais rápido para tentar conseguir plantas sem cafeína de rápido crescimento. Ainda assim, pode levar anos até que se chegue ao ideal. Foram descobertas três plantas pertencentes à mesma família, batizadas AC1, AC2 e AC3, em homenagem a Alcides Carvalho, geneticista de café do Instituto Agronômico, falecido em 1992 e que criou a maioria das variedades comerciais de arábica hoje cultivadas no Brasil.