O ministro da Ciência e Tecnologia, Luis Carlos Bresser Pereira, afirmou ontem durante visita à Campinas que até o final do ano o Centro de Tecnologia pare a Informática (CTT) será transtornado em uma organização social, continuando a fazer parte do patrimônio do governo federal, mas com uma administração privada. Na tarde de ontem, o ministro reuniu-se com o presidente do CTI. Arthur João Catto, e com os diretores das três divisões que compõem o órgão, pari iniciar o debate sobre a reformulação das atividades.
Além disso, o Ministério da Ciência e Tecnologia promoverá modificações na forma de funcionamento do Centro de Tecnologia para Informática (CTI). De acordo com Bresser, a tendência é de que o CTI passe a ter uma atuação mais regionalizada, oferecendo serviços de consultoria e assessoria nas áreas de software, hardware e microeletrônica a empresas localizadas em Campinas e imediações.
"Na época em que o CTI foi criado a realidade do País era outra, com a existência de uma lei que protegia a indústria nacional de informática e restringia as exportações nesse setor. Com o fim da reserva de mercado e a entrada no Brasil de produtos de informática importados, tudo mudou", explicou Bresser.
No início do ano, uma medida provisória do presidente Fernando Henrique Cardoso autorizou o Ministério da Ciência e Tecnologia a extinguir a fundação responsável pela administração do CTI.
Além da visita ao CT1, Bresser Pereira participou ontem da cerimônia de inauguração do Laboratório de Microscopia Eletrônica do Laboratório Nacional de Luz Sícrotron e de um debate na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com professores e pesquisadores de diversos centros de pesquisa sediados na região - Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD) da Telebrás, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto de Zootecnia de Nova Odessa - sobre os planos para o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Durante o debate com os membros da comunidade científica, o ministro explicou que o Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) deverá diminuir, de forma gradual, o número de bolsas de mestrado concedidas. O órgão deverá, cada vez mais, concentrar seus esforços no estímulo ao doutoramento.
Por enquanto, garantiu, não haverá redução no número de bolsas de estudo concedidas pelo CNPq em 1999, mas que também não haverá aumento em relação ao ano passado, quando o órgão concedeu uma média de 65 mil bolsas de estudo. "Já definimos a situação nas áreas de Exatas e Biológicas e até o final da semana esperamos estar com tudo fechado também na área de Humanas. Uma novidade que preparamos para esse ano é que o nome de todos os candidatos selecionados para receber uma bolsa estará à disposição na Internet", ressalta Bresser Pereira.
De acordo com Bresser, não existe perspectiva de mudança no critério adotado para a concessão de bolsas de estudo pelo CNPq, pelo qual o benefício não é mais oferecido aos departamentos das universidades, e sim individualmente para cada pesquisador. "Gostaria que se adotasse no País um critério de produtividade por universidade semelhante ao que existe nos Estados Unidos".
Bresser respondeu às críticas dos pesquisadores por ter assumido paralelamente os cargos de ministro da Ciência e Tecnologia e de presidente do CNPq. "Com isso, evitamos desencontros registrados no passado e que muitas vezes acabaram até mesmo por comprometer projetos importantes", justificou.
Microscópio analisa materiais
A visita do ministro da Ciência e Tecnologia, Luís Carlos Bresser Pereira, a Campinas começou com a inauguração do Laboratório de Microscopia Eletrônica do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS). Segundo o presidente do LNLS, Ricardo Rodrigues, nessas novas instalações os cientistas terão à disposição três microscópios, sendo que um deles, com tensão de 300 mil volts, é o mais potente da América do Sul, e os outros dois com potência de 30 mil volts.
A verba para a instalação do Laboratório de Microscopia Eletrônica, de US$ 1,9 milhão, é proveniente de um acordo feito entre o LNLS e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Com esses equipamentos, os cientistas poderão realizar estudos minuciosos de materiais semicondutores, cerâmicos, vidros, metais e polímeros. O microscópio eletrônico de transmissão faz um feixe de elétrons passar pelo material analisado, projetando a imagem de átomos filme, ao invés de utilizar raios de luz para ampliar os objetos.
De acordo com o coordenador do Laboratório de Microscopia Eletrônica, Daniel Ugarte, a análise da estrutura atômica é fundamental para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de novos materiais. Em uma tela idêntica ao de um televisor, o cientista pode observar a imagem antes de registrá-la foto-graficamente, ou utilizar uma câmara acoplada ao microscópio de transmissão eletrônica, para transferir diretamente para o computador a imagem observada através de forma digital. (P.R.)
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Gazeta Mercantil