Um grupo de cientistas do Instituto Butantan, em São Paulo, está propondo uma alternativa para o tratamento do coronavírus baseada na identificação de células de defesa de pacientes que foram curados da doença. Dessa forma, a ideia é criar um composto de anticorpos monoclonais neutralizantes (mAbs), que encontram-se no sangue de pacientes recuperados, e neutralizar o vírus a partir de suas proteínas.
O estudo, coordenado pela pesquisadora Ana Maria Moro, é baseado em um método já testado no início da última década, que buscava obter anticorpos para o tratamento de zika e tétano. O novo composto molecular, então, deverá unir um grupo de anticorpos em uma única molécula proteica, que poderão ser produzida em escala contínua e testada em um número maior de voluntários.
“Temos que identificar os linfócitos B [células de defesa] que produzem anticorpos contra o coronavírus. E, entre esses, identificar aqueles que produzem anticorpos que são de fato capazes de neutralizar a ação do vírus e são capazes de bloquear a entrada do vírus na célula, que são os que a gente chama de anticorpos neutralizantes, aqueles que de fato neutralizam o vírus”, esclareceu Ana Maria, em entrevista à Agência Fapesp.
Tratamento promissor
Segundo informações do Governo do Estado de São Paulo, mais de 70 remédios à base de anticorpos são utilizados em larga escala no planeta. Assim, o novo composto do Instituto Butantan, que deverá seguir os princípios da transfusão sanguínea , forma de tratamento imediata, poderá levar cerca de um ano para estar pronto, já que a busca por voluntários adequados e a identificação de tais anticorpos monoclonais são processos "demorados" e feitos em laboratório, mas provam-se promissores.
O plasma que corre na corrente sanguínea de pessoas curadas, segundo princípios biológicos, serão essenciais para multiplicar as proteínas neutralizantes do vírus, que poderão ser passadas diretamente para a corrente sanguínea do paciente. “Os anticorpos monoclonais são produzidos de forma precisa, de forma homogênea, todas as pessoas vão receber aquele mesmo produto, que é 100% puro [para combater especificamente o coronavírus]”, disse a pesquisadora.
Atualmente, pouco se sabe sobre os anticorpos que combatem o vírus ou sobre a dosagem plasmática de pacientes recuperados. Os primeiros resultados deverão surgir em breve, com o recrutamento dos primeiros voluntários para a identificação genética.
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