Imunizante com custo menor do que as vacinas disponíveis oferece vantagens de maior cobertura e logística mais barata.
O Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde, está desenvolvendo uma vacina em aerossol contra infecções pela bactéria pneumococo (Streptococcus pneumoniae), causadora de pneumonia bacteriana, otite, meningite e sepse, entre outros quadros.
Trata-se de uma vacina composta por nanopartículas contendo proteínas do pneumococo, composição diferente das vacinas pneumocócicas conjugadas (VPCs), compostas por polissacarídeos de diferentes sorotipos do pneumococo conjugados com proteínas; e das vacinas polissacarídicas (VPPs), que contêm polissacarídeos livres do pneumococo em sua composição. A vacina deverá atuar diretamente na proteção pulmonar contra pneumonia, já que forma uma barreira contra a bactéria no local de entrada do organismo.
Além de dispensar o uso de agulha, esta é uma vacina seca, com menos restrições de armazenamento e distribuição, o que contribui para o seu baixo custo.
“As formulações atuais são bem caras e complexas e têm proteção específica para alguns sorotipos. A ideia dessa vacina é que isso não ocorra, porque é uma vacina independente de sorotipo e com custo menor por não ter necessidade de purificar cada polissacarídeo dos diferentes sorotipos separadamente”, afirma a pesquisadora do Laboratório de Bacteriologia do Instituto Butantan Eliane Miyaji.
O estudo, feito em parceria com a Liverpool John Moores University (LJMU), do Reino Unido, foi desenvolvido em etapas. Na primeira, Tasson e a equipe do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Butantan produziram os antígenos proteicos. Na segunda, as proteínas foram levadas para o Reino Unido pelo então estudante de pós-graduação, que trabalhou na produção de lipossomos – tipos de nanopartículas formadas por lipídeos arranjados em camadas duplas que formam uma espécie de esfera envolvendo os antígenos – no laboratório do professor de Nanomedicina da Escola de Farmácia e Ciências Biomoleculares da LJMU, Imran Saleem.
O projeto recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do Medical Research Council (MRC) do Reino Unido. Agora, a equipe se prepara para submeter novo projeto para financiamento dos ensaios pré-clínicos.