A aplicação da pomada sobre a pele - uso tópico - mostrou-se suficiente para regenerar o tecido da pele machucada de forma muito eficiente, sem induzir a formação de cicatrizes ou de queloides.
O estudo pré-clínico demonstrou que a pomada é segura e deve seu maior poder de ação a uma maior produção de colágeno na pele afetada do que as pomadas cicatrizantes existentes.
Foram os pesquisadores Ana Souza e Durvanei Maria que descobriram o potencial cicatrizante da molécula produzida pelo fungo Exserohilum rostratum , presente na vegetação da Caatinga, existente em vários estados do Brasil.
Os princípios ativos produzidos pelo fungo foram testados em laboratório, quando apresentaram uma ação antibiótica moderada, ou seja, foram capazes de matar bactérias e fungos. Mas a ação cicatrizante só surgiu quando os pesquisadores estudaram o composto em busca de efeitos contra o câncer.
"Ao serem testadas com relação ao efeito antitumoral, ou seja, a capacidade de matar as células causadoras de câncer, surgiu a hipótese de que uma das moléculas poderia ter efeito na regeneração celular, que é um processo relacionado à cicatrização de feridas," conta Ana Olívia. "Após inúmeros testes, incluindo um estudo pré-clínico, o poder de cicatrização foi comprovado, e em 2018 o Butantan entrou com o pedido de patente de uma formulação com ação cicatrizante junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial."
Os próprios pesquisadores do Instituto fundaram uma empresa, que está recebendo apoio da Fapesp para levar a pomada cicatrizante ao mercado.