Após bons resultados no sequenciamento genômico do vírus da SARS-CoV-2, o Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde, estende seu trabalho para envolver o acompanhamento e sequenciamento dos vírus da dengue e influenza no Estado de São Paulo e no Brasil.
Este é o objetivo principal do Centro para Vigilância Viral e Avaliação Sorológica (CeVIVAS), um dos Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCDs-SP) apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), com sede no Instituto Butantan. Estes dados auxiliarão nos estudos sobre a história evolutiva desses vírus e conhecer quais são as variantes virais nas regiões estudadas.
Para conhecer a capacidade protetora das vacinas empregadas, o CeVIVAS investigará se os soros de indivíduos vacinados neutralizam a infecção das variantes circulantes e como é a resposta celular frente à linhagem viral usada na imunização e frente às variantes circulantes na população.
“Faz todo sentido ampliar esse mapeamento para os vírus estratégicos, do ponto de vista de portifólio vacinal do Butantan. Isso vai trazer uma robustez à instituição na discussão de quais são as atualizações necessárias para as vacinas que atendem o país. Nós temos uma ligação importante com o SUS e com a saúde pública a nível nacional”, diz Sandra Coccuzzo, coordenadora do CeVIVAS.
Por meio desse sequenciamento é possível identificar quais eventuais variantes podem surgir e a partir de uma base de dados do CeVIVAS, checar se as vacinas desenvolvidas pelo Butantan protegem a população contra essas novas variantes.
Reconhecimento
De acordo com o Boletim Epidemiológico da Rede de Alertas das variantes do SARS-CoV-2, do CeVIVAS, até maio de 2023 já foram identificadas dez variantes da ômicron no país, são elas: BQ.1.1, BQ.1.1.14, CL.1, BQ.1.1.19, XBF, XBB.1.13, XBB.2.3, XBB.1.5.4, XBB.1.9.2, FH.1., oriundas dos Estados Unidos, Europa, Ásia e Austrália.
O Instituto Butantan também identificou a circulação de 2 novas sublinhagens da variante delta, classificadas como AY.43.1 e AY.43.2 derivadas da variante AY.43. Essas sublinhagens foram definidas pelas mutações não sinônimas características ORF1ab:A4133V e ORF3a:T14I para o AY.43.1 e ORF1ab:G1155C para o AY.43.2. Uma análise realizada pelo CeVIVAS indicou que elas podem ter tido uma provável origem brasileira.