O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foi o grande herói de 2011, comentou ontem o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira, sobre a atuação do presidente do BC sobre a gestão de política monetária no ano passado. "Me surpreendeu. Só os neoclássicos ficaram indignados. Felizmente, o BC só tem funcionários públicos no seu colegiado", destacou.
Bresser-Pereira fez as declarações durante a terceira edição do Laporde -Latin America Advanced Programe on Rethinking Macro and Development Economics -, realizado na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (Eesp/FGV), com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).
Para o ex-ministro, Tombini e a presidente Dilma Rousseff estão empenhados em reduzir o nível de juros nominais e reais no Brasil. "A eclosão da crise externa, no ano passado, provocou uma onda desinflacionária no mundo que permitiu ao BC no Brasil atuar de forma ativa para mitigar os efeitos da desaceleração mundial sobre o País", ponderou. "O governo quer levar os juros reais para 2% a 3%", afirmou Bresser-Pereira, que acredita que tal fato ocorrerá até 2014, no final da administração de Dilma Rousseff.
Em sua avaliação, a inflação no Brasil está baixando e ficará num nível menor neste ano, até porque a crise externa é vigorosa e não deve ser solucionada na Europa antes de 2014. Nesse contexto, ele não acredita que preços de commodities terão desempenho promissor.
Outro elemento importante, segundo o ex-ministro, é que o nível de atividade está moderado a ponto de ainda não dar sinais claros de que o Brasil pode crescer 4% neste ano, como estima o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Para Bresser-Pereira, todos estes fatores dão indicações de que a taxa de juro básica, a Selic, poderá atingir um dígito neste ano.
Para ele, a percepção do mercado financeiro de que a Selic continuará em dois dígitos em 2012 não se baseia numa análise macroeconômica séria. "A taxa de juro é um alimento muito importante para a rentabilidade de suas operações."