A comunidade científica do DF, que de maneira heróica, insiste em prosseguir nas suas atividades de pesquisa, espera que os auxílios da FAPDF tenham uma alteração de escala, alcançando os níveis da Fapesp
Isaac Roitman, ex-decano de Pesquisa e Pós-Graduação da UnB, é o secretário regional da SBPC/DF. Artigo publicado no 'Correio Braziliense':
A ciência no Brasil foi institucionalizada com a criação do CNPq na década de 50.
Com a implantação da nova capital a sede do CNPq passou a ser em Brasília a partir da década de 60 foram criadas instituições de ensino e pesquisa.
Atualmente, a Universidade de Brasília ocupa lugar de destaque na pesquisa científica e tecnológica em várias áreas do conhecimento e possui um número expressivo de cursos de mestrados e doutorados (50 mestrados e 29 doutorados).
A Embrapa, principalmente seu centro de recursos genéticos (Cenargen), vem introduzindo produtos e tecnologia que têm contribuído para a expansão da produção agrícola brasileira.
A Universidade Católica de Brasília é uma instituição emergente na pesquisa e expande o seu sistema de pós-graduação.
Grupos de pesquisas do Ibama, do Instituto de Saúde do DF apresentam também um promissor potencial para pesquisas na área ambiental e de saúde.
Em Brasília se localizam as mais importantes agências de fomento: CNPq e Capes e uma representação da Finep.
Permanentemente, as comissões do Congresso Nacional discutem a legislação para promover o desenvolvimento da ciência no Brasil.
A cidade conta durante todo o ano com a presença de centenas de pesquisadores de todas as regiões do Brasil, como consultores do CNPq e Capes. Esse cenário presume que Brasília é uma cidade científica.
Isso corresponde a realidade?
No passado as instituições federais de fomento (CNPq, Capes, Finep) desempenhavam papel importante no financiamento das pesquisas desenvolvidas em Brasília.
Nos últimos anos essas agências, sofreram restrições orçamentárias e perderam esse papel, causando dificuldades para a continuação dos trabalhos de pesquisas no Distrito Federal.
Apesar de recentes sinais de melhoria, essas agências não recuperaram ainda a importância que tiveram no passado.
Esse fato induziu a criação das Fundações Estaduais de Amparo (Apoio) à Pesquisa. A criação da grande maioria dessas fundações teve a participação ativa da SBPC, inclusive a da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), implantada em 1992.
No primeiro ano de atividades da FAPDF houve um investimento de cerca de R$ 9 milhões em projetos de pesquisa no DF. Nos últimos anos a FAPDF perdeu credibilidade, pois os recursos praticamente não existem.
A FAPDF lançou recentemente um edital em parceria com o CNPq: Programa Primeiros Projetos (PPP). Cada agência, participará com R$ 390.000,00 , limitando o valor de R$ 26.000,00 para cada projeto.
No entanto, o valor a ser aplicado pela FAPDF é pequeno, comparado com os auxílios da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de SP), principal responsável pela pujança científica do Estado de SP, onde um único pesquisador pode receber financiamento no Programa de Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, no valor total a ser disponibilizado pela FAPDF no programa lançado.
Porém, o edital é uma luz no túnel já que em 2003, ao contrário da maioria das fundações estaduais, a FAPDF não participou em parceria com o CNPq do programa de Núcleos de Excelência (Pronex).
A comunidade científica do DF, que de maneira heróica, insiste em prosseguir nas suas atividades de pesquisa, espera que os auxílios da FAPDF tenham uma alteração de escala, alcançando os níveis da Fapesp.
Se isso acontecer os pesquisadores do DF poderão ser parceiros de pesquisadores de outras regiões do país, colaborando para o desenvolvimento científico e tecnológico, fundamental para soberania da Nação.
A decisão está nas mãos do Governo do DF para que possamos comemorar a eliminação do ponto de interrogação do título do presente artigo.
(Correio Braziliense, 21/6)
JC e-mail 2548, de 21 de Junho de 2004.
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Jornal da Ciência online