Agência Brasil - ABr - Pesquisadores brasileiros concluíram o seqüenciamento genético de uma linhagem da bactéria Xylella fastidiosa que causa a doença de Pierce em plantações de uva na região da Califórnia, nos Estados Unidos. Agora, o grupo está codificando cada proteína e analisando o genoma funcional da Xylella para entender como a bactéria utiliza sua informação genética.
Fruto de um convênio entre o Agronômical and Enviromental Genomes (grupo de 20 laboratórios paulistas que trabalham com pesquisa genética) e entidades norte-americanas, o projeto de seqüenciamento foi coordenado pelas biólogas Mariana Cabral de Oliveira e Maria-Anne Van Sluys, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e pelo professor João Setúbal, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A seqüência completa da Xylella da doença de Pierce demorou dois anos para ser finalizada e teve como ponto de partida o seqüenciamento genético da Xylella fastidiosa brasileira, realizado pela rede Onsa (sigla em inglês de Organização para Seqüenciamento e Análise de Nucleotídeos) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O começo do trabalho foi fácil e, segundo Mariana Cabral, em três meses 95% do seqüenciamento estava pronto. Outros 19 meses foram dedicados aos 5% restantes que são sempre os mais difíceis de seqüenciar, pois "tivemos que preencher os buracos e montar os pedaços em ordem", explica a bióloga, acrescentando que cada gene foi conferido por três ou quatro pessoas, para certificar que não existiam erros de interpretação.
A Xylella é transmitida por um inseto hospedeiro e pode bloquear os vasos que transportam água e sais pelo vegetal, provocando o definhamento e até mesmo a morte da planta. A bactéria tem diversas linhagens que atingem cultivos específicos como amora, laranja, café' e amêndoa. No Brasil, essa variação da bactéria causa a praga do amarelinho, principal doença que atinge as plantações cítricas.
Para Mariana Cabral, as semelhanças entre as duas linhagens da Xylella podem facilitar o trabalho de pesquisa, conhecimento e controle da praga das videiras norte-americanas. "Utilizamos o mesmo método desenvolvido no estudo da Xylella causadora do amarelinho, com a vantagem de já sabermos o que funciona melhor".
A análise dos resultados do seqüenciamento ainda não terminou. Os pesquisadores estão estudando o genoma funcional da Xylella para entender como a bactéria utiliza sua formação genética. O processo é demorado, mas com ele é possível esclarecer como a bactéria interage com a planta e com o inseto, e a melhor maneira de impedir que a praga se instate no cultivo. (Mauricio Cardoso, com informações da Agência USP).
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O Imparcial (Presidente Prudente, SP)