O anúncio do seqüenciamento do genoma do parasita Schistosoma mansoni, causador da esquistossome (também conhecida como "barriga d'água"), promete novas formas de combate à doença para o futuro. A pesquisa foi totalmente feita por pesquisadores brasileiros, com financiamentos da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e do Ministério da Ciência e Tecnologia, e estará publicada na edição de outubro da revista "Nature Genetics".
A esquistossomose atinge 200 milhões de pessoas em 74 países do terceiro mundo. Não existe vacina e o único remédio disponível, quando usado por muito tempo, faz surgir linhagens resistentes do verme, além de não impedir uma nova infecção. Por enquanto, as melhores formas de combate são a educação e a prevenção.
O trabalho identificou 14 mil novos genes do S. mansoni, o que equivale a 92% do material genético do parasita. Também sugeriu 45 novos genes como alvo para estudos de desenvolvimento de remédios e outros 28 para a criação de possíveis vacinas. Além disso, os pesquisadores conseguiram atribuir a função de cerca de 45% desses 14 mil genes, através da similaridade com genes de outros organismos.
O próximo passo dos pesquisadores é trabalhar no desenvolvimento desses remédios e vacinas, segundo o coordenador do estudo Sérgio Verjovski Almeida, da USP (Universidade de São Paulo). Já existe um projeto piloto sendo desenvolvido no Instituto Butantã, que também participou da pesquisa, juntamente com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e o Instituto Adolfo Lutz. "Uma vacina pode demorar até 10 anos para ser feita. Mas antes não tínhamos nada e agora já temos por onde começar", afirma Verjovski.
Notícia
Galileu