É cada vez mais perceptível o quanto algumas pessoas são extremamente mais resistentes do que outras, quando o assunto é a contaminação pelo novo coronavírus. Mas, afinal, o que faz esses seres humanos terem superimunidade à COVID-19?
Com a intenção de desvendar o mistério e, assim, contribuir para possíveis curas e prevenções da doença, um grupo de 14 brasileiros do IB-USP, o Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, uniu-se para analisar geneticamente a essas pessoas.
Com apoio da Fapesp, os pesquisadores recrutaram casais voluntários que, apesar de dividir intimidade, passaram pela experiência de apenas um parceiro contrair a doença. Testes então foram feitos para eliminar àqueles que, na verdade, haviam sim pego COVID-19, mas de forma assintomática. Restaram assim 86 casais aptos para a pesquisa por serem “genuinamente sorodiscordantes” – isto é, por de fato apenas um dos parceiros apresentar anticorpos contra o vírus em seu sangue.
Os estudos foram feitos em meados de 2020, antes mesmo do início da vacinação contra COVID-19 no Brasil – e também do aparecimento de novas cepas, o que poderia garantir resultados diferentes, alertam os pesquisadores. Mas os resultados, apresentados à comunidade científica em 2021, foram de grande contribuição para estudiosos de todo o mundo.
Os pesquisadores descobriram que a superimunidade ao vírus pode estar ligada, entre outros fatores, ao tempo de resposta dos genes imunológicos MICA e MICB quando entram em contato com o vírus SARS-CoV-2, popularmente conhecido como novo coronavírus.
A descoberta pode auxiliar bastante em pesquisas a respeito de curas e prevenções para a COVID-19 e, por sua grandiosa contribuição à comunidade científica, foi inclusive publicada no renomado periódico Frontiers in Immunology. Vai, Brasil!