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Acre em Revista

Brasileiros fazem descoberta que pode mudar a história conhecida da humanidade

Publicado em 23 julho 2019

Uma descoberta de pesquisadores brasileiros e italianos pode mudar o que sabemos até hoje sobre a história da humanidade. Materiais encontrados na Jordânia, no Oriente Médio, entre 2013 e 2015, indicam que a primeira espécie do gênero Homo (linhagem que deu origem aos seres humanos modernos) a deixar o continente africano foi talvez o Homo habilis, há cerca de 2,4 milhões de anos. A pesquisa mudaria a teoria predominante entre os estudiosos da área, de que o primeiro hominídeo a migrar da África foi o Homo erectus, entre 2 milhões e 1,8 milhão de anos atrás.

A pesquisa foi publicada no último dia 6 na revista científica Quartenary Science Reviews e tem entre seus seis autores o professor Fabio Parenti, do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Outro pesquisador que assina o trabalho é Walter Neves, professor aposentado do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e responsável pelo estudo que descobriu Luiza, um dos esqueletos humanos mais antigos do continente americano. Completam a equipe o geólogo Giancarlo Scardia, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e o geoarqueólogo Astolfo Araújo, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, além de colaboradores dos Estados Unidos e da Alemanha.

Fabio Parenti conta que a descoberta do sítio arqueológico em Zarqa, ao norte da capital jordaniana Amman, foi feita por cientistas franceses em 1982. As pesquisas foram interrompidas e retomadas por uma missão italiana em 1996, da qual ele fez parte e que encontrou fósseis de elefantes e cavalos, datados de 1 milhão de anos. “Era algo muito velho para a região”, afirma o arqueólogo, que chegou ao Brasil em 2011. Naquele ano, como professor da USP, propôs a retomada das pesquisas e conseguiu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da instituição americana Wenner-Gren Foundation for Anthropological Research.

Foi nesse período (2013 a 2015) que os arqueólogos encontraram ferramentas de pedra lascada, claramente produzidas por mãos humanas para quebrar objetos e cortar carcaças de animais. Os materiais datam de 1,9 milhão a 2,4 milhões de anos e como, naquela época, o único hominídeo a vagar pela África era o Homo habilis, tudo leva a crer que a espécie estava presente na região.

Não havia nada tão antigo fora da África. Essa descoberta preenche um vazio documental sobre a saída da humanidade do continente africano. A partir disso, é provável que não tenha sido o Homo erectus a primeira espécie a migrar”, diz Parenti, professor da UFPR desde 2015. A geografia do local, no vale do rio Jordão, é outro fator que favorece a presença dos hominídeos, conforme indicam os vestígios. “O vale sempre foi um ponto de passagem na pré-história, pois era o único lugar na região onde havia água. E tanto os homens quanto os animais vão onde há água e alimento.