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Brasileiros detectam bactéria multirresistente de risco global no NE (77 notícias)

Publicado em 03 de outubro de 2024

Um estudo publicado na revista The Lancet Microbe revelou um caso de uma cepa multirresistente da bactéria Klebsiella pneumoniae no Nordeste. A bactéria foi isolada de uma paciente de 86 anos com infecção urinária, que faleceu 24 horas após ser admitida no hospital.

Pesquisadores apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) conseguiram sequenciar o genoma da bactéria resistente a antibióticos e compararam com informações reunidas em um banco de dados sobre patógenos deste tipo.

Os resultados indicaram que a cepa já havia sido detectada anteriormente nos Estados Unidos e está circulando no Brasil, com possibilidade de se tornar um risco global.

“Ela é tão versátil que se adapta às mudanças de tratamento, já que adquire facilmente outros mecanismos de resistência não contemplados pelas drogas existentes ou pela combinação delas. É possível que se torne endêmica nos centros de saúde em nível mundial”, alerta Nilton Lincopan, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e coordenador da pesquisa.

O pesquisador também é responsável pela plataforma One Health Brazilian Resistance, que reúne dados epidemiológicos, fenotípicos e genômicos de microrganismos classificados como de “prioridade crítica” pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As bactérias multirresistentes apresentam poucas opções terapêuticas e necessitam de medidas rigorosas de contenção para evitar que se disseminem. Além disso, são consideradas alvos prioritários para o desenvolvimento de novos medicamentos.

A plataforma One Health Brazilian Resistance conta com o apoio da FAPESP, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates.

Quando uma cepa multirresistente é identificada, os serviços de saúde informam à vigilância epidemiológica local, isolam o paciente e tomam medidas preventivas rigorosas para evitar a transmissão a outros internados.

“Como patógeno oportunista, em pacientes com imunidade normal a bactéria pode nem causar doença. Mas, em pessoas com imunidade baixa, pode ocasionar infecções graves. Em nível hospitalar, pacientes internados em unidades de terapia intensiva [UTIs] ou em tratamento para outras patologias podem adquirir infecção secundária, como pneumonia. Sem tratamentos disponíveis e com o sistema imune deprimido, muitas vezes podem ir a óbito”, relatou o pesquisador, em entrevista à Agência FAPESP.