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Diário da Saúde

Brasileiros desenvolvem aparelho para monitorar pressão intracraniana

Publicado em 04 fevereiro 2012

Agência Fapesp

Há mais de dois séculos perdurava um dogma na medicina, conhecido como doutrina de Monro-Kellie, que afirmava que o crânio é uma estrutura óssea rígida e inextensível.

Nos últimos cinco anos, pesquisadores do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) começaram a derrubar esse paradigma, estabelecido em 1783.

Eles provaram que o aumento ou a diminuição da pressão intracraniana causa variações volumétricas lineares na caixa craniana.

E que, em função dessa pequena elasticidade da estrutura óssea, seria possível medir e monitorar a pressão interna do cérebro de pacientes com hidrocefalia, traumatismo craniano e tumores, sem a necessidade de perfurar o crânio, como fazem os equipamentos existentes atualmente.

Pressão intracraniana

Para isso, os cientistas brasileiros criaram um novo equipamento, simples e minimamente invasivo. Idealizado pelo professor Sergio Mascarenhas, o equipamento ganhou duas novas versões.

Na primeira versão, o monitoramento da pressão intracraniana exigia que se raspasse o cabelo e se fizesse uma pequena incisão na pele da cabeça do paciente, de modo a colar um sensor sobre o crânio.

Esse sensor era responsável por registrar a deformação óssea, que é proporcional à pressão interna do cérebro.

Na nova versão, não é preciso sequer cortar o cabelo do paciente. "Basta colocar o sensor sobre o couro cabeludo para realizar o monitoramento", afirmou.

Faixa cerebral

Batizado de Brain Strap, o equipamento consiste em uma faixa de 10 centímetros de largura, para ser colocada em volta da cabeça do paciente.

O equipamento já foi testado em pacientes com traumatismo cerebral, no diagnóstico e acompanhamento de pacientes com acidente vascular cerebral (AVC) - que aumenta o volume interno do cérebro e a pressão intracraniana -, e no diagnóstico de morte encefálica, quando desaparece a pressão intracraniana, além de epilepsia.

Outras possíveis aplicações do equipamento estão em farmacologia, para medir os efeitos de drogas que atuam sobre desequilíbrios químicos do cérebro que alteram a pressão intracraniana - como a enxaqueca - e em veterinária, para medir a pressão intracraniana de animais de grande porte, como boi e porco, de modo avaliar a presença de encefalite - que aumenta o encéfalo e a pressão intracraniana.