Notícia

Farol da Bahia

Brasileiras desenvolvem plataforma para tratamento direcionado do câncer (22 notícias)

Publicado em 14 de outubro de 2021

Uma pesquisa realizada por pesquisadoras da Universidade Federal do ABC (UFABC) descreve o desenvolvimento de uma plataforma nanotecnológica capaz de tratar tumores de forma direcionada, sem ameaça aos tecidos saudáveis e sem riscos colaterais. O resultado é obtido através de nanopartículas (NPs) superparamagnéticas que atacam apenas as células doentes.

De acordo com a pesquisa, publicada no Journal of Materials Science: Materials in Medicine, o uso de NPs tem sido cada vez mais usado no tratamento de tumores sólidos resistentes à quimioterapia e à radioterapia, devido às características físico-químicas próprias, à possibilidade de funcionalização de superfície, além das propriedades antimicrobianas e antitumorais. Nesse sentido, a eficácia da aplicação de fármacos via NPs é maior do que os fármacos tradicionais, pois executa a entrega e a liberação exatamente no local-alvo.

Para realizar o estudo, Amedea Barozzi Seabra, uma das idealizadoras, explica que foi utilizado “um material novo, original, constituído por um núcleo magnético de magnetita [Fe3O4] ao qual são adicionadas nanopartículas de prata [AgNPs] e um revestimento de polímero contendo doador de óxido nítrico [NO]”. Segundo ela, o composto tem baixa toxicidade e boa biocompatibilidade, e teve a patente requerida junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) do Brasil.

Ainda segundo as pesquisadoras, o funcionamento da plataforma se baseia na aplicação do superparamagnetismo para guiar o composto magnético até o local do tratamento. O diferencial dessas partículas é que elas apresentam magnetização apenas na presença de um campo magnético externo, retornando imediatamente ao seu estado inicial, assim que o campo é retirado, "como se fosse um interruptor de luz".

Autora principal do artigo, Joana Claudio Pieretti disse à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) que, a exemplo do que ocorre na indústria de cosméticos, a construção do material multifuncional utilizado no estudo foi feita através da adição de elementos novos à nanopartícula, cada um com uma funcionalidade, “para chegar a um composto capaz de tratar diversos tipos de tumores”. A combinação da magnetita com nanopartículas de prata e óxido nítrico revelou potencial aplicação de um tratamento combinado com capacidade antibacteriana e antitumoral.