No Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado no dia 4 de fevereiro, uma notícia poderá trazer alívio e mais eficácia no tratamento do câncer de ovário. Um grupo de pesquisadores do Brasil, Reino Unido e Itália, entre eles a professora Carolina Gonçalves Oliveira, do Instituto de Química da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), realizou um estudo com um novo composto à base de paládio – metal raro de alto valor comercial – que demonstrou sua eficácia contra células de tumor de ovário sem afetar o tecido saudável. Além disso, testes em células tumorais indicaram que o composto age contra tumores resistentes ao tratamento mais utilizado atualmente no combate à doença, que é feito com um fármaco chamado cisplatina.
O trabalho de pesquisa foi desenvolvido Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP). O grupo de pesquisadores buscava uma alternativa ao tratamento atual à base do composto cisplatina, que apesar de combater as células de câncer, trazia muitos efeitos colaterais ao paciente. A cisplatina foi a última descoberta dos cientistas para o tratamento, ainda na década de 1980. “O problema do atual composto, a cisplatina, é que ele acaba se ligando a células saudáveis, o que resulta nos efeitos colaterais ao paciente, como queda de cabelos, vômitos e até surdez”, explica a pesquisadora.
O novo composto estudado atua em células resistentes ao fármaco anterior, o que é considerado um grande avanço. Ele inibe uma enzima que é responsável pelo ciclo celular do tumor. “Esse é um estudo preliminar, com testes realizados in vitro. Este ano pretendemos avançar e realizar os testes in vivo para saber mais detalhes sobre a atuação do composto. O estudo foi feito em várias linhagens de câncer, mas especificamente nos casos de câncer de ovário, seu desempenho foi mais eficaz.
O papel do profissional da Química
Um estudo dessa complexidade reúne profissionais de várias especialidades. Em relação ao químico, a professora Carolina destaca sua importância. “São os químicos que preparam os fármacos e desenvolvem inúmeras pesquisas. Este grupo que atuou nessa pesquisa, por exemplo, trabalha especificamente com compostos inorgânicos direcionados para o tratamento de doenças, que é a minha linha de pesquisa”, declarou.
Ela explica, ainda, os próximos passos da pesquisa. “Para se colocar um fármaco na prateleira, é preciso o parecer de vários profissionais envolvidos. Além disso, são necessários outros estudos para analisar o metabolismo dos fármacos e sua atuação no organismo. É a partir desses testes que iremos saber se podemos seguir adiante com a descoberta, o que levaria cerca de um ano”, disse Carolina.
O Dia Mundial de Combate ao Câncer foi criado pela União Internacional de Controle do Câncer (UICC) e visa mobilizar pessoas e organizações mundiais para reforçar a importância de adoção de hábitos saudáveis, atitudes de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento, fundamentais para o controle da doença.