Uma pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e pelo diretor-executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, revelou a viabilidade econômica da restauração florestal em áreas produtoras de café na Mata Atlântica. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica One Earth e apontam para a possibilidade de impulsionar os serviços ecossistêmicos e a produtividade cafeeira por meio do reflorestamento.
De acordo com os pesquisadores, o aumento dos serviços ecossistêmicos impulsionados pelo reflorestamento, como a polinização, pode compensar os custos referentes à restauração da floresta e levar a uma maior produtividade cafeeira. Além disso, o estudo sugere que um valor de pelo menos 20 dólares por tonelada de CO₂ poderia melhorar a viabilidade financeira da restauração, por meio do pagamento de carbono.
Francisco d’Albertas, doutor em Ecologia pela USP e um dos pesquisadores envolvidos no estudo, enfatizou que a pesquisa demonstrou que a restauração se torna uma abordagem economicamente eficaz em paisagens agrícolas, indo contra o senso comum de que o agronegócio e a conservação ambiental são atividades incompatíveis. Ele ressaltou que os rendimentos das colheitas e os ganhos provenientes do sequestro de carbono podem tornar a restauração economicamente viável.
Os pesquisadores analisaram diferentes cenários de restauração de mata nativa em fazendas produtoras de café e estimaram a compensação dos custos ao longo de um período de 20 anos. Os resultados foram satisfatórios, especialmente em áreas com mais de 10% de cobertura florestal e com o objetivo de alcançar 25% de restauração.
Além disso, o estudo aponta que são necessárias medidas adicionais, como a consolidação do mercado de carbono, para tornar a restauração amplamente viável e imediatamente atraente para os agricultores. A Fundação SOS Mata Atlântica avalia que os resultados do estudo podem fornecer subsídios para os formuladores de políticas públicas promoverem a adoção generalizada da restauração em paisagens agrícolas, alinhando a mitigação das mudanças climáticas, a conservação da biodiversidade e a produção agrícola.
Para atender aos compromissos do Acordo de Paris, o diretor-executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, ressalta que o Brasil deve eliminar completamente o desmatamento e empreender esforços significativos na restauração em grande escala. Ele acredita que as metas de reflorestamento só poderão ser atingidas com o apoio do agronegócio e destaca que o reflorestamento é uma abordagem positiva para todas as pessoas e setores econômicos.
Em resumo, a pesquisa destaca a viabilidade econômica da restauração florestal em áreas produtoras de café na Mata Atlântica, impulsionando os serviços ecossistêmicos e a produtividade cafeeira, e indica a importância de medidas adicionais e do apoio do agronegócio para a concretização das metas de reflorestamento.