Desenvolvimento do imunizante é fruto de uma parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics •
O Ministério da Saúde anunciou, nesta terça-feira (25), que, a partir de 2026, serão oferecidas anualmente mais de 60 milhões de doses da primeira vacina 100% nacional e de dose única contra a dengue . O desenvolvimento do imunizante é fruto de uma parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics , com um investimento previsto de R$ 1,26 bilhão
O anúncio foi feito pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, que, durante a cerimônia no Palácio do Planalto, fez um discurso sobre a importância das vacinas, sendo ovacionada pelo público. Nísia e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também estava presente no evento, não abordaram rumores sobre possíveis mudanças na pasta.
“ A gente espera, em dois anos, poder vacinar toda a população elegível [de 2 a 59 anos] ”, afirmou a ministra. Ela explicou que, inicialmente, os idosos não poderão tomar a vacina.
“ Por enquanto, os idosos ainda não poderão tomar a vacina porque, quando as vacinas são testadas, há sempre um cuidado com a população idosa ”, disse.
A ministra também ressaltou que, com a aprovação do imunizante, o Brasil será o primeiro país a vacinar sua população com uma vacina contra a dengue de dose única.
“ Com isso, teremos a possibilidade de vacinar a população brasileira dentro da faixa que for recomendada pela Anvisa para a dengue, um fato único no mundo até agora “, completou.
Parcerias e eficácia
A vacina contra a dengue, que ainda aguarda a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foi . Durante os testes clínicos, o imunizante demonstrou eficácia de 79,6% na prevenção de casos sintomáticos de dengue e 89% de proteção contra formas graves da doença. Caso aprovado, o imunizante estará disponível para pessoas de 2 a 59 anos.
A produção da vacina será viabilizada por meio da parceria entre o Instituto Butantan e a WuXi Biologics. Além disso, o governo destaca que, enquanto a vacinação em massa não acontece, outras estratégias de prevenção seguem sendo implementadas. A utilização do método Wolbachia e as Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDL) continuam sendo importantes medidas de combate à doença.
Nísia Trindade também abordou a importância dessas ações complementares. “Por enquanto, as ações de prevenção, vigilância e preparação da rede de assistência continuam sendo fundamentais para evitar óbitos e reduzir a propagação do vírus”, afirmou.
Produção nacional e avanços no SUS
Além do esforço para a produção da vacina contra a dengue, o governo também está focado em ampliar a produção de outras vacinas no Brasil. O Ministério da Saúde anunciou, em parceria com a Pfizer, a produção nacional de um imunizante contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que causou uma série de complicações respiratórias nos últimos anos. A expectativa é que, até 2027, sejam produzidas até 8 milhões de doses anuais.
O fornecimento inicial para o Sistema Único de Saúde (SUS) está previsto para o segundo semestre de 2025.
“ Estima-se que o projeto vai evitar cerca de 28 mil internações anuais relacionadas a complicações do VSR ”, afirmou a ministra. O foco da estratégia é proteger bebês prematuros e gestantes, além de negociar preços mais acessíveis com os produtores.
O governo também anunciou a produção nacional da insulina Glargina, por meio do Programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP). Com isso, espera-se alcançar até 70 milhões de unidades anuais de insulina até o final do projeto, com o primeiro fornecimento também previsto para o segundo semestre de 2025.
O Ministério da Saúde, em parceria com empresas privadas, também está se preparando para possíveis emergências de saúde pública, como uma nova pandemia. Foi anunciado que o Brasil produzirá a vacina contra a Influenza H5N8, fortalecendo a capacidade do país em responder rapidamente a novas ameaças.
A produção dessa vacina permitirá a fabricação de até 30 milhões de doses anuais, com estoque estratégico para situações emergenciais.
A capacidade produtiva será ajustada para garantir uma resposta eficiente em caso de surto, com a vacina podendo ser adaptada rapidamente conforme a evolução do vírus. O governo aposta em inovações para fortalecer a preparação nacional e ampliar a capacidade de produção de vacinas e medicamentos essenciais.
Notícias Relacionadas
A vacina mostrou uma eficácia de 80,2% na redução dos casos de dengue após 12 meses e uma redução de 90,4% nas hospitalizações
Doses com validade inferior a dois meses poderão ser destinadas a outras localidades ou aplicadas em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos
Se autorizada, será a primeira vacina contra a dengue aplicada em dose única
Iniciativa visa conscientizar a população, especialmente estudantes e educadores, sobre a urgência de combater o mosquito Aedes aegypti
Agência Nacional de Vigilância Sanitária informou que a análise deve levar cerca de 90 dias