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Brasil tem um milhão de pessoas transgêneros e não binárias (6 notícias)

Publicado em 01 de fevereiro de 2022

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O primeiro estudo educacional para avaliar a proporção de outras pessoas conhecidas como transgêneros ou não binários residentes no país, pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (FMB-Unesp), publicada na Nature Scientific Reports em 2021, mostrou que 3 milhões de americanos estão incluídos nesses grupos, correspondendo a cerca de 2% da população adulta. Focada no contexto de São Paulo, a análise, concluída no ano passado e realizada em colaboração entre o Centro de Estudos da Cultura Contemporânea (Cedec) e a Secretaria Municipal de Direitos Humanos de São Paulo, investigou as situações de vida de outras pessoas transgênero, lembrando que, na cidade de São Paulo, sua idade média não ultrapassa os 35 anos. Desenvolvidas com base na discussão que se desenvolveu entre pesquisadores das ciências médicas e das humanidades, as pinturas visam preencher lacunas na diversidade sexual e de gênero (ver glossário) e subsidiar o progresso do público político, especificamente no campo da saúde.

“Um local significativo de nossas pinturas é que esses americanos estão mal distribuídos no território, o que reforça a urgência de propor políticas públicas para o território nacional”, diz o psiquiatra Giancarlo Spizzirri, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo(USP) e autor principal do artigo publicado na Nature. Os efeitos estimados do universo a partir de entrevistas com outras 6. 000 pessoas em 129 municípios de todo o país. Conversando com mais de 1700 mulheres trans, travestis, homens trans e outras pessoas não binárias ao longo de dois anos, a pesquisa da Cedec constatou que, em média, 58% desses americanos estão envolvidos em trabalhos casuais ou casuais. empregados, de curto prazo e sem contrato. Considerando apenas a organização de travestis, o percentual equivalente é de 72%.

Na pesquisa da Cedec, travestis e mulheres trans (70%) compõem a maioria dos entrevistados, a maioria não é excepcional (70%), negras (57%) e graduadas no ensino médio (51%). que, devido a preconceitos não incomuns, muitas matérias trans tendem a abandonar a escola antes de completar o ensino fundamental. Isso afeta toda a sua carreira”, explica a socióloga Carla Diéguez, da Fundação De Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e uma das coordenadoras do trabalho. Ele ressalta que a pesquisa mostra que 88% dos entrevistados vão para remédios para tratamento hormonal pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O fator diversidade sexual e de gênero nunca foi abordado por meio de censos realizados no Brasil. Pioneiro na América do Sul, o Uruguai realizou a primeira contagem em 2016, identificando 853 pessoas trans em seu território para uma população de 3,4 milhões de habitantes.

Considerando os estudos demográficos sobre a população trans como uma das grandes lacunas de seu trabalho, a epidemiologista Maria Amélia Veras, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCM-SCSP), lembra que, na década de 1990, sua os primeiros estudos sobre diversidade sexual e de gênero envolveram a epidemia de AIDS entre homossexuais. “Inicialmente, no campo da saúde pública, os estudos com esse público se concentraram em analisar o efeito dos hábitos sexuais na saúde”, explica. Ao longo do tempo, pesquisas começaram a cercar as questões identitárias e mostram que as vulnerabilidades da população LGBTQIA+ – sigla para lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexuais, assexuais e outras identidades sexuais e de gênero – eram mais parecidas com as sociais. fatores fatores, como estigma e discriminação na sociedade, do que as atitudes individuais. Segundo a antropóloga Regina Facchini, pesquisadora do Centro de Estudos de Gênero Pagu da Universidade Estadual de Campinas (Pagu-Unicamp), inicialmente, além da epidemia de Aids, outro objeto de estudo que mobilizou o fator trans foi a prostituição e os enquadramentos substituem . “Nos últimos 20 anos, as abordagens começaram a se substituir e agora vêm com vários outros tópicos e perspectivas teóricas. Além disso, há um movimento emergente de estudos realizados por meio de outras pessoas flagrantemente trans que ingressaram no ensino superior com base em políticas de ação afirmativa e respeito ao nome social”, relata o estudioso. Em pesquisa realizada em 2021, o Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Positiva do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Geema-Iesp-Uerj) conheceu os estilos de vida de 2,9 mil acadêmicos flagrantemente trans agências federais de universidades no Brasil. O conhecimento novamente fornece menos de 0,5% do total de matrículas.

Nos últimos cinco anos, as faculdades também registraram os primeiros americanos transgêneros e travestis descarados em sua história a obter doutorado. Além disso, essa população começa a lecionar nas universidades, como é o caso da pedagoga Letícia Carolina Nascimento, a primeira usuária flagrantemente transgênero a ocupar um cargo de coaching na Universidade Federal do Piauí (UFPI) em 2019. “Só conheço 15 treinadores travestis que trabalham em universidades públicas de todo o país”, diz ele. Nascimento é o fim do ebook Transfeminismo (Editora Jandaíra, 2021), que aborda os conceitos de gênero, transgenerismo e feminismo, em uma linguagem voltada para o público em geral.

A física Gabrielle Weber é formadora do Campus Lorraine da USP desde 2014, após concluir meu pós-doutorado. Durante todos esses anos, ouvi piadas sobre travestis que se prostituíam na faculdade. Vi aquelas mulheres e fiquei preocupada com meu futuro”, lembra, justificando a decisão de se reconciliar com seu prestígio transgênero em 2019. Atualmente, além de buscar anexar os conceitos de estudos de gênero na educação matemática, Weber coordena a primeira pesquisa sobre a presença e produção clínica de pesquisadores LGBTQIA+ no Brasil. Com reflexão semelhante, Lucy Gomes de Souza, coordenadora do Núcleo de Biologia Sistemática (NuBiS) do Museu da Amazônia (Musa), relata que se conhece como transgênero desde 2014, mas fez a transição para o gênero feminino em 2019. Array en 27 , enquanto conclui seu doutorado no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Tinha medo de ser preconceituoso, de não poder começar e de ficar sem emprego. Resolvi iniciar o procedimento quando minha carreira estivesse mais consolidada. Souza e Weber dizem que ganharam institucionalidade em suas resoluções, acrescentando um apelo por mudanças nos sistemas universitários e auxílio na comunicação da transição de gênero para acadêmicos e colegas.

“O fator trans revolucionou a prática clínica”, diz Veras, da Santa Casa. Precisamente, segundo ela, o quadro da epidemiologia caracteriza-se pelo uso de estratégias de análise precisas, às vezes incapazes de dominar as complexidades que cercam as identidades de gênero. “A pesquisa epidemiológica, por exemplo, utiliza estratégias quantitativas, que identificam categorias bem definidas, adaptadas às análises estatísticas. Como dominar limites e demarcações em uma população cuja identidade de gênero é caracterizada por sua fluidez?”ele se pergunta. Uma forma de contornar essas dificuldades é através de uma discussão mais aprofundada com pesquisadores das humanidades, ou seja, antropologia. Graças a ela, tem sido imaginável integrar outras perspectivas teóricas e metodológicas, que permitem, ao mesmo tempo, capturar dados não incomuns para populações. analisados, bem como para entrar nas especificidades dos grupos minoritários. “A discussão entre estratégias qualitativas e quantitativas torna imaginária a integração de outras variáveis em análises epidemiológicas e tem produzido ferramentas de coleta de conhecimento que permitem uma técnica interseccional ao fator trans”, relata o epidemiologista.

O sociólogo Gustavo Gomes da Costa, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), enfrentou desafio metodológico semelhante em estudos sobre a presença de outras pessoas LGBTQIA em partidos políticos. como não-binário ou assexuado. Queremos expandir metodologias para abordar essas complexidades. Costa ressalta que, nos últimos 3 anos, estudos sobre o tema têm encontrado dificuldades para obter investimentos e destaca o papel fundamental desempenhado pela Fapesp no apoio a projetos em espaços como aptidão pública e antropologia.

Argumentando que não existem apenas dois sexos biológicos, o psiquiatra Saulo Vito Ciasca, coordenador de fitness da organização nacional LGBTI+, também reconhece estilos de vida multicategoria envolvendo diversidades sexuais e de gênero. Com base nessa premissa, o eBook Saúde LGBTQIA+ – Práticas de Cuidados Transdisciplinares (Manole, 2021) apresenta resultados de estudos para auxiliar profissionais de fitness a trabalhar com esse público. Uma das editoras do ebook, Ciasca, afirma que um usuário geralmente caracterizado como homem tem pênis, testículos, cromossomos XY e predominância de testosterona no organismo. “No entanto, existem condições em que o sexo genital não se ajusta ao sexo cromossômico ou hormonal, então o indivíduo pode ter uma vulva, mas seus cromossomos são XY ou têm barba e voz grave”, ilustra. Além disso, ele cita o modo de vida de outras pessoas com genitália atípica, por exemplo, com pênis e vulva ao mesmo tempo. “Segundo nosso ponto de vista cultural, outras pessoas terão que ter pênis para ser homem ou vulva para ser woguy. Todo o resto é uma malformação biológica ou um erro genético que merece ser corrigido, o que não me parece ético”, observa Ciasca, lembrando que existem culturas que reconhecem outros gêneros. Na região do Istmo de Tehuantepec, no estado mexicano de Oaxaca, existem 3 deles: o feminino, o masculino e os chamados muxes. São outras pessoas não binárias de expressão de gênero feminino, ou seja, outras pessoas que apresentam socialmente características femininas, mas que não se identificam como homem ou mulher.

Levando em conta as especificidades de aptidão da população trans, a endocrinologista Karen Seidel, diretora do Departamento de Endocrinologia Feminina, Andrologia e Transgênero da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolologia (SBEM), destaca outras condições exigentes que envolvem análise laboratorial. “Os laboratórios usam referências femininas para analisar os resultados de check-ups de homens trans, por exemplo, que podem prejudicar seu tratamento hormonal. Nas condições em que o indivíduo está tomando substitutos para o check-up, os valores de referência masculinos terão que ser levados em conta”, alerta. do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (Iede) Luiz Capriglione, da Secretaria de Estado da Saúde (SES) do Rio de Janeiro, relata que, para mitigar esses problemas, em 2019, a SBEM elaborou um documento com normas para o diagnóstico público e laboratórios pessoais de medicamentos na atenção ao público trans.

Em perspectiva semelhante, o endocrinologista Magnus R. Dias da Silva, coordenador do Centro de Estudos, Pesquisa, Popularização e Atenção às Pessoas Trans “Professor Roberto Farina”, da Universidade Federal de São Paulo (Núcleo TransUnifesp), reconhece, por exemplo, que “há mulheres com vagina e sem vagina, mulheres com próstata e sem próstata”. Roberto Farina foi o professor de cirurgia plástica da Escola Paulista de Medicina da Unifep que, na década de 1970, realizou a primeira cirurgia de redesignação genital no Brasil. Dias da Silva estuda o efeito do tratamento hormonal em modelo animal, avaliando a proteção da dose máxima e dos tipos de hormônios comumente utilizados pela população transgênero. Há três anos, outro médico da Unifep, o ginecologista Marair Gracio Ferreira Sartori, e sua equipe se tornaram pioneiros na remoção do útero por congelamento de gametas de um homem trans. “A pessoa já havia feito a retirada cirúrgica das mamas, mas estava incomodada com o sangramento menstrual”, explica Sartori, lembrando que a retirada do útero tem consequências na capacidade de reprodução. Nesse sentido, pesquisadores do núcleo coordenado por Dias da Silva e dos setores de reprodução humana, ginecologia e urologia da Unifep, coordenado por Renato Fraietta, se uniram em busca de uma solução para o que parecia ser um problema. “A partir desse diálogo, desenvolvemos uma estratégia por meio da qual foi concebível a retirada do útero da paciente, preservando seu tecido ovariano. Ficamos surpresos ao descobrir que ela tinha células viáveis ??em seus ovários, apesar de ter sido tratada com testosterona por muitos anos”, diz ela, explicando que os óvulos foram congelados para fertilização a longo prazo. Atualmente, Dias da Silva, Fraietta e Sartori estão investigando estratégias para manter a fertilidade de pacientes trans submetidas a tratamento hormonal ou optantes pela cirurgia de redesignação genital.

A endocrinologista Berenice Bilharinho Mendonça, da Faculdade de Medicina (FM) da USP, informa que a proporção estimada de mulheres trans no Brasil é de 1 em 100 mil norte-americanas e de homens trans é de 1 em 30 mil. Mendonça explica que os sujeitos transgêneros se expandem a partir de influências multifatoriais, que vêm com facetas genéticas, hormonais e ambientais em que vivem. “O usuário toma consciência de sua identidade de gênero muito cedo, aos cinco ou seis anos. Já ouvi falar de pacientes que não se esqueciam de sujar os vestidos aos 2 ou 3 anos porque não se consideravam meninas”, conta. Ela especifica que a popularidade dos transgêneros é feita por meio de uma avaliação mental por profissionais treinados na área, um procedimento que leva pelo menos seis meses. Em relação aos casos de genitália, na grande maioria dos casos, o motivo advém de uma mutação genética que envolve a formação das gônadas e genitália. Em trabalho contínuo financiado pela Fapesp, Mendonça está lendo as alterações genéticas e epigenéticas relacionadas ao fenômeno. “Um dos objetivos da comissão é difundir o conhecimento sobre essas situações clínicas, simplificando diagnósticos e eliminando preconceitos”, informa, referindo-se a um livro, ainda no prelo, que revelará as ocasiões analisadas na comissão.

Para os casos em que a transgeneridade é detectada na infância, o coordenador do Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Alexandre Saadeh, lembra que a solução nº 254/2019 do Conselho Federal de Medicina determina que o remédio hormonal só é legal através do status quo dos protocolos do estudo. “Isso significa que são necessárias evidências clínicas para validar a relevância das intervenções, na medida em que algumas delas são irreversíveis”, relata. A clínica sob sua coordenação atende atualmente 80 jovens e 180 adolescentes. “Recebemos jovens de 3 a 5 anos, nível em que sua identidade de gênero começa a ser delineada, com uma disposição profunda com determinado gênero, enquanto outros são fluidos e delineiam as próprias consultas. Uma minoria, por outro lado, não é perfilada e conversamos com as famílias sobre o protocolo de adoção”, explica, sabendo que as tentativas de suicídio são 10 vezes mais comuns entre as pessoas trans. “Devido à pandemia, que nos obrigou a suspender as instalações por alguns meses, temos uma procura acumulada. Neste momento, mais de 180 famílias aguardam por uma consulta.

Carmita Abdo, fundadora e coordenadora do Programa de Estudos da Sexualidade do HC-USP e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, alerta que os conceitos de sexo e gênero estão se transformando rapidamente. “Até 20 anos atrás, pensava-se que os americanos eram homens ou mulheres. Hoje sabemos que existem outras pessoas com pluripatologia, que substituiu a compreensão médica dos fatores de gênero e identidade”, diz. Esse novo entendimento tem impacto no status dos currículos da faculdade de medicina. Há mais de 10 anos, Abdo coordena um curso eletivo sobre diversidade sexual e de gênero na USP. Atualmente, a Unifesp ministra um curso semelhante, cujo cardápio está sendo atualizado para que o fator possa ser abordado transversalmente, cruzando as demais disciplinas. Há dois anos, a Santa Casa de São Paulo também criou um ambulatório para outras pessoas transgênero. Nele, os estudiosos médicos do estabelecimento podem pintar a partir do 5º ano. “Embora ainda não seja conteúdo obrigatório, estamos dando os primeiros passos para evoluir a formação de nossos médicos”, conclui Veras.

Análise de trajetórias individuais e socialização posiciona partes da história da diversidade de gênero.

Documentos oficiais e jornais possibilitaram resgatar a história da população LGBTQIA em outras partes da América Latina, destacando sua datação com esferas de força e métodos criados para sobreviver, mesmo em condições adversas. Em pós-doutorado realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o pedagogo Amaral Arévalo reconstruiu a reminiscência dessa população em El Salvador, desde os tempos coloniais, através do exame de arquivos policiais, jornais e documentos que são preservados na Biblioteca Nacional do país. , o ponto mais distante do tempo em que descobri uma referência às práticas sexuais dissidentes em 1765?, disse ele.

Segundo ele, a leitura das cortinas produzidas nos primeiros anos do século XX mostrou um esforço por parte do governo para combater e censurar práticas homossexuais. “Os documentos mostram, por exemplo, que naquela época havia o medo de salvar banheiros públicos de funcionar como questões de montagem e namoro entre a população masculina”, disse.

Posteriormente, a partir da década de 1940, os documentos passaram a implicar perspectivas discriminatórias da sociedade. Ao mesmo tempo, registraram movimentos de resistência e desobediência contra as autoridades locais. as pessoas são armazenadas em caixas não marcadas, tornando difícil encontrá-las. Além disso, o acesso aos arquivos oficiais sobre a guerra interna, de 1980 a 1992, permanece proibido”, disse. Segundo Arévalo, há rumores de massacres de pessoas trans. perpetrado através do exército salvadorenho neste período, que depende do acesso à documentação a ser comprovada.

Comprometido com a reconstrução da reminiscência LGBTQIA em Belo Horizonte, o estudioso independente Luiz Morando, médico de literatura comparada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), está salvando a trajetória dos americanos que viveram na capital mineira desde 1917 há mais de 20 anos. anos. anos, procurando documentos e dados em arquivos policiais, judiciais, de jornais, bem como relatórios orais. Os estudos resultaram na publicação de dois livros. Uma delas é a biografia da travesti Cintura Fina (1933-1995), figura central da reminiscência LGBTQIA no Brasil.

Durante sua investigação, Morando encontrou dados publicados em uma edição de 1952 do Diário de Minas, sobre a presença, em uma delegacia de Belo Horizonte, de um homem e duas mulheres. Segundo a notícia, o sujeito pediu ao chefe da polícia que falasse com um deles, com quem era casado, mas que o havia deixado para morar com o outro woguy. “A esposa de sua esposa na época se chamava Feliciana Campos de Oliveira, ela era uma usuária em transição para o gênero masculino e logo se tornou Edmundo de Oliveira”, conta. Em 1981, em algum outro jornal, o pesquisador desenterra outra série de notícias semelhantes ao universo trans. Era sobre um vigia noturno que, depois de ser morto em um ataque no centro da cidade, acabou sendo um “woguy que se vestia como um menino”. “Esse usuário era, na verdade, Edmundo de Oliveira, que completou o processo de transição em um momento em que os remédios hormonais não estavam disponíveis. A localização foi feita no Instituto Médico Legal”, relata. Para Morando, o episódio mostra essa história, as pessoas trans criaram formas de se locomover pela cidade, trabalhar e se casar de acordo com sua identidade de gênero.

Este relato tornou-se imaginável graças a uma bolsa de produção jornalística concedida a Christina Queiroz por meio da Fundação Gabo e do Instituto Serrapilheira, com o apoio do Escritório Científico Regional da UNESCO para a América Latina e o Caribe.

Gênero Uma categoria biológica que diferencia machos e fêmeas em cromossomos, hormônios, órgãos reprodutivos e genitais.

Gênero Classificação pessoal e social de homem ou mulher, independentemente de seu sexo biológico

Identidade de gênero O gênero com o qual o usuário se identifica e que é de características biológicas

Cisgênero abrange outras pessoas que se identificam com o gênero que foram atribuídos ao nascimento.

Transgênero ou transexual refere-se a outras pessoas que se identificam com um gênero diferente do que foram atribuídos ao nascimento.

Indivíduo não binário Um usuário que é entendido como pertencente exclusivamente ao sexo feminino ou masculino

Travesti Experiência papéis de gênero feminino e se reconhece como homem ou mulher, mas como pertencente a um terceiro sexo

Acrônimo LGBTQIA para lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, gays, intersexuais, assexuados e sexuales e de gênero

Fonte Jesus, J. G. Diretrizes sobre Identidade de Gênero: Conceitos e Termos. Brasília, 2012

LICHTENECKER, D. C. K. et al. O tratamento de testosterona entre os sexos altera a morfologia renal e funciona como em ratos do sexo feminino e pode causar um aumento na pressão sistólica. Farmacologia e fisiologia clínica e experimental. v. 48, no. 7, p. 978-86. 2021. SPIZZIRRI, G. et al. Proporção de outras pessoas conhecidas como transgêneros e não binários de gênero no Brasil. Natureza – Relatórios Científicos. 11 de janeiro de 2240. 2021.

CIASCA, S. V. et para (orgs. ). SAÚDE LGBTQIA – Práticas de Cuidado Transdisciplinar. São Paulo: Manola, 2021. NASCIMENTO, LCTransfeminismo. São Paulo: Editora Jandaíra, 2021. ARÉVALO, A. Diálogo con el Silencio: Diferencias Sexuais y de Género en la Historia Salvadoreña 1765-2020. San Salvador: Editorial Universitaria. Na imprensa. MORANDO, L. Se veste mas quebra – Cintura Fina em Belo Horizonte. Uberlândia: El sexo de la palabra, 2021.

Mapeamento de outras pessoas trans na cidade de São Paulo. Centro de Estudos da Cultura Contemporânea (Cedec). Janeiro de 2021.

* Este artigo foi republicado pela Revista Pesquisa Fapesp sob uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o artigo original aqui.