Os desafios colocados pelos autores do artigo na Science estão dentro dos objetivos do Programa Biota-Fapesp desde a sua criação, em 1999. Entre eles estão incentivar e financiar a capacitação de taxonomistas, treinados para utilizar, se necessário, técnicas modernas de biologia molecular na caracterização de espécies. Os 13 anos de esforço do Biota resultaram em um aumento significativo do número de taxonomistas, bem como do conhecimento sobre a biodiversidade do Estado de São Paulo. Mas ainda não conseguimos produzir dados confiáveis sobre nossas taxas de extinção de espécies.
O Brasil ocupa o topo do ranking dos países megadiversos. Usando os dados conservadores dos autores, temos algo entre 540 mil e 900 mil espécies (considerando que o Brasil abriga 18% da biodiversidade do planeta), das quais apenas cerca de 300 mil são conhecidas e descritas.
Apesar do Biota ter sido utilizado para criação de programas similares em outros Estados, como Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, e do programa nacional lançado pelo CNPq no final de 2009, o Brasil ainda tem um gigantesco déficit de taxonomistas. Além de formar, capacitar e fixar taxonomistas é preciso investir significativamente na infraestrutura de nossas coleções biológicas, tanto em termos de novos prédios e instalações como de pessoal técnico especializado.
Para fazer frente aos compromissos que o Brasil assumiu ao se filiar ao Global Biodiversity Information Facility (GBIF), no ano passado, é imprescindível que o Protax (programa do CNPq e Capes para formação de taxonomistas em nível de mestrado, doutorado e pós-doutorado) seja fortemente revigorado e venha acompanhado, por exemplo, de um Programa de Infraestrutura para Coleções Biológicas a ser coordenado e implementado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), sempre com o apoio das Fundações de Amparo à Pesquisa Estaduais.
Análise: Carlos Joly
BOTÂNICO DA UNICAMP, COORDENADOR DA UNICAMP, COORDENADOR DO PROGRAMA BIOTA-FAPESP, estadao.com.br