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Brasil têm duas vezes mais diabéticos acima dos 50 anos do que Inglaterra (13 notícias)

Publicado em 17 de novembro de 2020

Um estudo desenvolvido na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) revelou que o Brasil tem o dobro da prevalência de diabetes – diagnosticado e não diagnosticado – em pessoas acima dos 50 anos em comparação com a Inglaterra.

A pesquisa utilizou uma amostra representativa de ingleses e brasileiros entre os anos de 2012 e 2015. O trabalho, apoiado pela Fapesp, é fruto de um projeto de iniciação científica conduzido pela gerontóloga Eilane Souza Marques dos Santos e pela fisioterapeuta Roberta de Oliveira Máximo, sob orientação de Tiago da Silva Alexandre, do Departamento de Gerontologia (DGero) da UFSCar.

O diabetes está relacionado a um conjunto de complicações que comprometem a saúde e habilidades de autocuidado, principalmente em pessoas com mais de 50 anos. No entanto, duas outras condições também têm chamado a atenção da comunidade científica devido à sua relação com resultados adversos nessa população: o pré-diabetes e o diabetes não diagnosticado. "Já se sabe que o pré-diabetes é um estado de alto risco para o desenvolvimento do diabetes mellitus e o diabetes não diagnosticado aumenta o risco de complicações devido ao descontrole dos níveis de glicose no sangue; assim é fundamental a implementação de políticas de saúde e realização de triagens para minimizar ou evitar os danos causados por essas condições", destaca Alexandre.

Baseada nessas evidências, a pesquisa comparou a prevalência e os fatores associados ao pré-diabetes, diabetes não diagnosticado e diabetes diagnosticado em amostra representativa de ingleses e brasileiros com 50 anos ou mais.

Utilizando dados de estudos harmonizados sobre o envelhecimento, o projeto contou com 5.301 participantes do English Longitudinal Study of Ageing (Elsa) em 2012 e 1.595 participantes do Estudo Longitudinal de Saúde dos Idosos Brasileiros (Elsi) em 2015.

Os indivíduos foram questionados sobre o conhecimento do diagnóstico médico de diabetes e realizaram exames de sangue para confirmar o nível de hemoglobina glicada (HbA1c), sendo classificados em quatro grupos: não diabéticos – aqueles que apresentaram níveis normais de hemoglobina glicada (<5.7%) e não relataram diabetes; pré-diabéticos – que apresentaram níveis limítrofes de hemoglobina glicada (≥5.7% e <6.5%) e não relataram diabetes; diabéticos não diagnosticados – apresentaram níveis alterados de hemoglobina glicada (≥6.5%) e não relataram diabetes; e diabéticos diagnosticados – relataram diabetes, independentemente dos valores de hemoglobina glicada.

Os resultados apontaram que o Brasil e a Inglaterra apresentam diferenças nas prevalências e fatores associados a três condições de saúde, sendo que a Inglaterra possui maior prevalência de pessoas na condição limítrofe (pré-diabéticos), enquanto o Brasil possui maior prevalência de pessoas doentes, sejam eles diabéticos diagnosticados ou não diagnosticados. Em números, a prevalência de pré-diabetes, diabetes não diagnosticado e diabetes diagnosticado foi de, respectivamente, 48,6%, 3% e 9,6% na Inglaterra e 33%, 6% e 20% no Brasil.

Em relação aos fatores associados, os resultados indicaram que elementos-chave para o surgimento de doenças crônicas, incluindo a obesidade abdominal, hipertrigliceridemia, tabagismo e sedentarismo, foram comuns em ambos os países, embora a amostra inglesa tivesse mais condições adversas de saúde relacionadas aos três estados de diabetes, como, por exemplo, acidente vascular cerebral (AVC)doença cardiovascular, níveis baixos de HDL e hipertensão.