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Jornal Esporte & Saúde

Brasil tem 15 pesquisas de vacina contra covid em andamento

Publicado em 27 março 2021

Por Jornal Esporte e Saúde

Alguns estudos já estão próximos de iniciarem testes em humanos

LEONHARD FOEGER/REUTERS - 15.10.2020

Passado pouco mais de um ano que o coronavírus começou a infectar brasileiros, diversosestudos de vacinas para prevenir o desenvolvimento da covid-19 estão em andamento emcentros de pesquisas do país.

Embora já haja uma série de imunizantes disponibilizados no mercado, a escassez dessesprodutos ainda é uma ameaça para o controle da pandemia no mundo.

Além do mais, especialistas avaliam que a covid-19 deve ser uma doença que veio para ficar, assim como a gripe, o que justifica ainda mais a importância de pesquisas brasileiras paraproduzir vacinas sem necessitar da importação de matéria-prima.

As mutações do vírus podem exigir adaptações dos imunizantes já existentes, algo facilitado quando se tem domínio da tecnologia no próprio país.

Um levantamento feito pelo R7 encontrou 15 linhas de pesquisa de imunizantes 100%nacionais: na USP (Universidade de São Paulo), UFMG (Universidade Federal de MinasGerais), junto com a Fiocruz Minas, e no Instituto Butantan.

ButanVac

Butantan prevê produção de até 40 milhões de doses de vacina totalmente nacional

FERNANDO BIZERRA JR/EFE - 17.1.2021

Na sexta-feira (26), o Instituto Butantan anunciou que pretende, ainda neste ano, produzir40 milhões de doses da ButanVac, uma vacina contra covid-19 que usa tecnologia de vírusinativado, a mesma da vacina da gripe usada todos os anos no SUS.

O próximo passo é pedir autorização para testes clínicos (em humanos) junto à Anvisa(Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Uma das principais vantagens é que se trata de uma vacina de segunda geração e já estaráadaptada para fornecer proteção mais elevada contra a variante do coronavírus surgida emManaus (P.1).

InCor

Uma das sete vacinas estudadas em São Paulo é a do InCor (Instituto do Coração daFaculdade de Medicina da USP).

As pesquisas começaram logo após o sequenciamento genético do vírus, e os testes emhumanos devem ter início ainda em 2021.

O projeto recebeu aportes de R$ 25 milhões da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisado Estado de São Paulo) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

A vacina utiliza uma tecnologia nova que usa pseudovírus. O antígeno é aplicado por spraynasal.

Além dessa, há uma vacina de nanopartículas sendo desenvolvida pela Faculdade deMedicina de Ribeirão Preto. Os testes em humanos aguardam autorização da Anvisa.

Cientistas da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP trabalham em umimunizante de vetor viral (assim como Sputnik V, Oxford e outras).

A diferença é que utiliza um vírus causador da doença de Newcastle (que infecta avesdomésticas e selvagens) como plataforma para transportar pedaços do coronavírus.

A proposta inclui também uma vacina contra covid-19 para gatos, já que eles tambémpodem adoecer.

Já o Instituto de Ciências Biomédicas da USP tem quatro propostas de vacinas, que usamtecnologias de DNA, RNA, subunidade e nanopartículas. Todas ainda estão na fase detestes pré-clínicos.

Fiocruz Minas

Em Minas Gerais, a UFMG e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) planejam lançar uma vacina bivalente, contra covid-19 e gripe.

“A técnica consiste em usar o vírus da influenza como vetor vacinal. Como se trata de umvírus defectivo para a multiplicação, ele não causa a doença, mas gera produção deanticorpos", explica o pesquisador Ricardo Gazzinelli, líder do Grupo de Imunopatologia da Fiocruz Minas e coordenador do INCTV (Instituto de Ciência e Tecnologia de Vacinas).

Os cientistas fizeram várias alterações genéticas no vírus H1N1 para inserir nele a proteínade pico do coronavírus.

A intenção é que, depois de inserido no organismo, o vírus dotado dessa parte dessaproteína estimule o corpo humano a produzir os anticorpos para a covid-19, ao mesmotempo que protege o organismo da influenza, diz a UFMG.

Assim como a do InCor, a vacina desenvolvida em Minas é aplicada por via nasal, só que emduas doses.

O imunizante estudado pela UFMG em estágio mais adiantado é o que usa DNA.

"Os antígenos do SARS-Cov-2 são incluídos em um plasmídeo, o que promove suaexpressão nas células do organismo e apresentação ao sistema imune, induzindo à resposta celular de defesa. Mais estável que o RNA, o DNA viabiliza que essa vacina seja maisfacilmente trabalhada, uma vez que ela pode ser armazenada em freezers comuns,facilitando, assim, o armazenamento e a logística de distribuição. O processo de produçãose assemelha ao das vacinas de RNA, porém com o acréscimo de uma etapa, a detranscrição do DNA em molécula de RNA", explica a universidade.

Outra vacina estudada por pesquisadores mineiros é uma que utiliza o vírus causador davaríola como vetor (meio de transporte) para levar proteínas do coronavírus e gerar resposta imunológica.

A tradicional vacina BCG, aplicada em bebês contra a tuberculose, faz parte de outra linhade pesquisa em MG.

"Essa vacina baseia-se na inserção de sequências do genoma do SARS-Cov-2 em bacilos de Calmette-Guérin (BCG), os causadores da tuberculose. O objetivo é que a modificaçãogenética induza os bacilos a produzir as proteínas S e N do SARS-Cov-2. A vacina éambivalente, pois, depois de inserido no organismo, o composto o estimula a produziranticorpos contra covid-19 e a própria tuberculose", acrescenta.

Os cientistas da UFMG também trabalham para criar no Brasil vacinas com tecnologias quejá estão sendo usadas hoje, como a que usa o vetor viral do adenovírus 5 (causador deresfriado comum) — CanSino e Sputnik V —, e de RNA mensageiro — Pfizer e Moderna.