País deve terminar 2025 com 635 mil médicos e taxa de 2,98 profissionais por mil habitantes; desigualdades regionais ainda persistem
O Brasil deverá encerrar o ano de 2025 com 635.706 médicos em atividade , sendo 50,9% mulheres — a primeira vez que elas ultrapassam os homens na profissão. A taxa estimada é de 2,98 médicos para cada mil habitantes , segundo a 15ª edição do estudo Demografia Médica no Brasil , elaborado pela Faculdade de Medicina da USP e divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (30).
A projeção para aponta que o país ultrapassará a marca de 1,1 milhão de médicos , com 5,2 por mil habitantes . A participação feminina também continuará em alta: 55,7% dos profissionais serão mulheres até o fim da próxima década.
Desigualdades persistem na distribuição de médicos
Apesar do avanço numérico, o estudo chama atenção para a disparidade geográfica no acesso a profissionais da saúde. Enquanto 48 cidades com mais de 500 mil habitantes concentram 58% dos médicos ativos 4.895 municípios com menos de 50 mil habitantes — que também reúnem 31% da população brasileira — contam com apenas 8% dos médicos
O levantamento mostra ainda que 19 macrorregiões de saúde têm menos de 1 médico por mil habitantes , ao passo que outras 15 registram mais de 4 por mil
A estimativa para 2035 revela um abismo regional:
Distrito Federal : 11,83 médicos por mil habitantes
Rio de Janeiro
São Paulo
Maranhão
Pará
Amapá
Explosão de cursos, mas residência não acompanha
Entre 2014 e 2024, o país registrou um aumento significativo na oferta de vagas para medicina. Foram criados 225 novos cursos , que adicionaram 27.921 vagas . Já no período anterior, de 2004 a 2013, foram 92 cursos e 7.692 vagas
As vagas de residência médica , no entanto, não acompanharam esse crescimento . Em 2024, apenas 8% dos médicos estavam matriculados em programas de residência. Do total:
51,5% ingressaram até 1 ano após a graduação
22,1% em até 2 anos
12,5% em até 3 anos
9,2% em até 5 anos
4,7% após mais de 5 anos
Perfil da medicina brasileira em 2024
Dos 597 mil médicos ativos em 2024 (353.287) eram especialistas , e generalistas
A predominância masculina persiste em 35 das 55 especialidades , especialmente:
Urologia : 96,5% homens
Ortopedia e Traumatologia : 92% homens
Já as especialidades com mais presença feminina são:
Dermatologia
Pediatria
As sete áreas que concentram metade dos especialistas são:
Clínica médica – 12,4%
Pediatria – 10%
Cirurgia geral – 7,8%
Ginecologia e obstetrícia – 7,4%
Anestesiologia – 4,7%
Cardiologia – 4,3%
Ortopedia e traumatologia – 4%
O Distrito Federal e São Paulo lideram em concentração de especialistas por 100 mil habitantes ( 453 e 244, respectivamente ), enquanto Maranhão e Pará aparecem com os menores índices ( 68 e 70).