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Brasil registra 929 mortes por Covid-19 em 24 horas, maior número desde setembro; médico motivos para o crescimento Ômicron no país (101 notícias)

Publicado em 01 de fevereiro de 2022

O Brasil registrou, nas últimas 24 horas, 929 mortes por Covid-19, maior número desde 18 de setembro de 2021, quando o país havia registrado 935 óbitos decorrentes da doença. Houveram ainda 193.465 infecções por Covid-19.

Os números são do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e foram divulgados nesa terça-feira (1).

Com os novos índices, tanto a média móvel de casos (que havia caído ligeiramente nos últimos dois dias), quanto a de óbitos, registraram alta. A média móvel de casos está em 186.985 (crescimento de 0,7% em relação ao dia anterior) e a de óbitos em 603 (aumento de 11% em comparação a ontem).

Média móvel é o número que considea a média dos últimos sete dias e serve para evitar distorções.

Ao todo, o Brasil já acumula 25.620.209 casos de Covid-19 e 628.067 óbitos decorrentes da doença.

Médicos explicam os motivos para o crescimento da variante Ômicron no Brasil

“Cepa de Deus”, “vírus vacinal” e “presente de Natal antecipado” foram alguns dos termos usados para descrever a variante Ômicron do SARS-CoV-2 no fim de 2021, quando ela foi identificada na África do Sul.

Estudos têm sugerido que essa linhagem do novo coronavírus é de fato menos agressiva que as anteriores, entre outros fatores, por ter uma capacidade menor de invadir o tecido pulmonar. Por outro lado, a maior afinidade com as células das vias aéreas superiores parece ter conferido à Ômicron um poder de disseminação que tem sido comparado ao do sarampo – um dos patógenos mais contagiosos já descritos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Ômicron contamina cem pessoas a cada três segundos no mundo.

No Brasil isso tem se refletido em recordes sucessivos de casos diários de Covid-19. Somente na sexta-feira (28), foram registradas 269.968 novas infecções. A média móvel de casos nos sete dias anteriores foi de 25.034.806.

Para especialistas ouvidos pela Agência Fapesp, o fato de o número de internações e mortes por Covid-19 não estar crescendo na mesma proporção deve-se mais à imunidade prévia da população – seja pela vacinação ou por infecções anteriores – do que às características intrínsecas do vírus.

“Nos indivíduos não vacinados a doença não é tão leve, podendo causar óbitos e lesões importantes. A questão é que esse vírus tem encontrado um hospedeiro diferente, que já não é virgem de exposição”, afirma o médico Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Esta também é a opinião de Elnara Negri, pneumologista do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. “É uma variante muito parecida com as anteriores. A questão é que no Brasil a gente tem a felicidade de ter uma população com uma boa cobertura vacinal. O único paciente que precisei intubar nesta onda, até o momento, não era imunizado. E ele desenvolveu uma pneumonia por SARS-CoV-2 com trombose de microcirculação clássica. Na grande maioria dos atendidos, a doença teve um curso bom e considero a vacina a grande responsável”, diz.

Em parceria com os colegas do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, entre eles Saldiva, Negri foi uma das primeiras pessoas no mundo a levantar a hipótese de que distúrbios de coagulação sanguínea estariam na base dos sintomas mais graves da Covid-19 – entre eles insuficiência respiratória e fibrose pulmonar. Ela ressalta que mesmo entre pessoas vacinadas, principalmente em idosos e indivíduos com comorbidades, a Ômicron pode causar coagulopatia.

“Se ao redor do sexto dia de sintomas, em vez de melhorar, o paciente começar a ter febre, dor lombar e uma piora no cansaço ou mal-estar é hora de ir ao médico e colher exames para ver se há coagulopatia”, alerta.

O infectologista Esper Kallás, da Faculdade de Medicina da USP, destaca que nos locais em que a cobertura vacinal é mais baixa o número de hospitalizados por pela doença tem aumentado de forma significativa.

Um exemplo é o Distrito Federal, onde a taxa de ocupação dos leitos nas unidades de terapia intensiva (UTIs) atingiu novamente 100%. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde do DF, 90% dos internados por Covid-19 não se vacinaram ou estão com a imunização incompleta.

Em outros seis estados – Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte – a ocupação nas UTIs está acima de 80%. No caso das UTIs pediátricas a situação já é crítica em pelo menos três estados: Mato Grosso do Sul, Maranhão e Rio Grande do Norte.

A tendência também é de alta no número de mortes: foram 284 nesta segunda-feira (31), totalizando 627.138 óbitos desde o início da pandemia. A média móvel de mortes também aumentou em mais de 200% em relação a duas semanas atrás.