Especialistas reunidos em congresso internacional no Rio recomendam a ampliação no país da vacina tríplice para um produto que imunize contra sete doenças. Além de tétano, difteria e coqueluche, a vacina protegeria contra sarampo, rubéola, caxumba e hepatite B. Para técnicos do Ministério da Saúde, isso significaria uma redução nos custos das campanhas. As vacinas múltiplas estão sendo testadas em vários países da Europa.
BRASIL PODERÁ TER VACINA COMBINADA
ALEXANDRE MANSUR
Médicos sugerem adotar uma única dose que proteja contra várias doenças
Uma novidade na área da saúde vai agradar sobretudo às crianças. São as vacinas combinadas que, com uma só aplicação, protegem contra sete doenças. Além de reduzir o choro, a agulhada única pode representar uma economia de até 50% para o governo. Isto sem contar a simplificação das campanhas de vacinação.
As vacinas combinadas — em teste na Alemanha, Bélgica e Itália — foram propostas no congresso internacional Vacinas de Hoje Protegendo o Amanhã, que termina hoje, no Rio. O evento é promovido pelo laboratório SmithKline Beecham, um dos principais fabricantes de vacinas.
Na verdade, a conhecida vacina tríplice já é uma combinada. Ela foi desenvolvida em 1949, para induzir, com uma só agulhada, a imunidade contra difteria, tétano e coqueluche. Mas as novas vacinas combinadas, que estão sendo produzidas por vários laboratórios, trabalham com uma gama maior de doenças.
O princípio da vacina é simples. Aplica-se uma proteína estranha (antígeno) ao corpo da pessoa. Como reação, o organismo produz os anticorpos capazes de neutralizar esse tipo de antígeno. Quando a pessoa entrar em contato novamente com o microorganismo agressor (vírus ou bactérias), já estará imunizada.
Doenças — No congresso, os especialistas avaliaram a vacina combinada para sarampo, rubéola, cachumba, hepatite B, além das doenças incluídas na tríplice. Mas os pesquisadores estão trabalhando com diversas combinações possíveis. Atualmente, a SmithKline está testando vacinas que combinam até 11 antígenos.
Representantes do laboratório avaliam que, ao adotar as vacinas combinadas, um grande comprador como o governo brasileiro pode economizar até 50%. "'Mas é difícil calcular o preço com precisão", diz o pesquisador americano David Krause, do Departamento de Farmacologia do SmithKline, em Upper Providence, na Pensilvânia.
A grande vantagem da combinada é simplificar as campanhas de vacinação em massa. "Cada vez mais vacinas são introduzidas no programa de imunização dos países. Nos Estados Unidos, uma criança pode receber até quatro vacinas de uma só vez. Associá-las está se tornando uma necessidade", explica o Krause.
"Para governos que se encarregam de grandes programas de vacinação, combinar vários antígenos em uma mesma vacina reduz a necessidade de fazer campanhas populares. Além disto, se economiza na estocagem, transporte e manipulação das vacinas", avalia Krause.
Hepatite B — Os especialistas reunidos no congresso também destacaram a necessidade de combater a hepatite B. No Brasil, existem cerca de 3 milhões de portadores do vírus da doença. A maior parte não apresenta sintomas, mas pode transmitir o vírus. "As principais formas de transmissão hoje são o contato sexual e o uso de agulhas contaminadas, mais comum entre viciados", explica Luiz Carlos Gaiotto, professor de patologia da Universidade de São Paulo e ex-presidente da Associação Internacional para o Estudo do Fígado.
O programa de vacinação em Formosa é um dos casos exemplares de como se pode erradicar a doença. O país asiático reduziu a incidência da hepatite B de nove para um caso a cada 100 mil habitantes.
Notícia
Jornal do Brasil