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Brasil produz resina mais resistente (1 notícias)

Publicado em 05 de agosto de 2002

Os últimos testes de uma nova resina termoplástica já estão em fase final. Em breve, chegará ao mercado brasileiro um tipo de polipropileno mais resistente que a convencional e que permite usos diversos dos habituais. Polipropileno é a segunda resina mais vendida no mundo, usada em embalagens e descartáveis. A nova resina, chamada de polipropileno com alta resistência do fundido (HMS-PP, sigla em inglês), foi desenvolvida pelo Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen). Ligado à Faculdade de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a maior produtora de polipropileno do Brasil, OPP Petroquímica, empresa do grupo Odebrecht. Segundo o coordenador do projeto, Ademar Benévolo Lugão, do departamento de Engenharia Química da USP, o objetivo, era ampliar os usos do polipropileno para aplicações nas qual a utilização da resina era considerada difícil ou mesmo impossível. "Descobrimos que o novo polipropileno tem propriedades mecânicas excepcionais quando em fundição, o que permite novos usos da resina", diz. Lugão informa que com a nova resina é possível produzir o painel inteiro de um carro usando somente o polipropileno. "Por ele ser mais resistente durante o processamento, permite a produção de uma espuma com células mais densas e fechadas, o que era impossível com o polipropileno convencional", diz. Segundo o coordenador, agora é possível fazer o conjunto inteiro do painel, desde a estrutura rígida, passando pela espuma, até a película que envolve o equipamento. "Isso acaba facilitando o processo de reciclagem, já que todas as partes do painel são feitas da mesma resina", afirma. De acordo com o engenheiro do departamento de desenvolvimento de produto da OPP Petroquímica. Luiz Fernando Cassinelli, o painel de polipropileno mais resistente já está sendo testado por uma montadora de automóveis no Brasil. Cassinelli informa que o uso do polipropileno mais resistente não se restringe aos painéis de carros. "Com ele podemos fazer uma bandeja para alimentos que resista tanto à temperatura baixa i de um freezer quanto à temperatura elevada de um microondas, produto até então inexistente no País", informa. A nova resina é até dez vezes mais resistentes que o polipropileno convencional, segundo Lugão. Por isso, ela permite aumentar a velocidade das Unhas de produção e reduz a perda de peças no processo. "Em alguns casos, como o da fabricação de filmes para revestimento de carros, o polipropileno resistente pode baratear o custo de produção", diz o coordenador. Segundo Lugão, o polipropileno com alta resistência do fundido pode custar até duas vezes mais caro que o convencional. A resina já é fabricada pela OPP no Brasil. No entanto, parte da produção ainda é feita no laboratório da USP. Segundo Cassinelli, a empresa produz cerca de 5 toneladas/mês da resina desde maio, e tem capacidade para produzir 100 toneladas mensais do polipropileno. "Os nossos clientes estão testando o produto, que tem mercado no Brasil e no exterior", diz. O polipropileno com alta resistência do fundido é inédito no Brasil, mas já existe nos Estados Unidos e Alemanha. O projeto da resina teve início no final de 1999 e faz parte do Programa Parceria para Inovação Tecnológica (Pite) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Ao todo, a pesquisa da nova resina consumiu R$ 172,5 mil, sendo R$ 36.5 mil de recursos da Fapesp.