Os últimos testes de uma nova resina termoplástica já estão em fase final. Em breve, chegará ao mercado brasileiro um tipo de polipropileno mais resistente que a convencional e que permite usos diversos dos habituais. Polipropileno é a segunda resina mais vendida no mundo, usada em embalagens e descartáveis.
A nova resina, chamada de polipropileno com alta resistência do fundido (HMS-PP, sigla em inglês), foi desenvolvida pelo Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen). Ligado à Faculdade de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a maior produtora de polipropileno do Brasil, OPP Petroquímica, empresa do grupo Odebrecht.
Segundo o coordenador do projeto, Ademar Benévolo Lugão, do departamento de Engenharia Química da USP, o objetivo, era ampliar os usos do polipropileno para aplicações nas qual a utilização da resina era considerada difícil ou mesmo impossível. "Descobrimos que o novo polipropileno tem propriedades mecânicas excepcionais quando em fundição, o que permite novos usos da resina", diz.
Lugão informa que com a nova resina é possível produzir o painel inteiro de um carro usando somente o polipropileno. "Por ele ser mais resistente durante o processamento, permite a produção de uma espuma com células mais densas e fechadas, o que era impossível com o polipropileno convencional", diz.
Segundo o coordenador, agora é possível fazer o conjunto inteiro do painel, desde a estrutura rígida, passando pela espuma, até a película que envolve o equipamento. "Isso acaba facilitando o processo de reciclagem, já que todas as partes do painel são feitas da mesma resina", afirma.
De acordo com o engenheiro do departamento de desenvolvimento de produto da OPP Petroquímica. Luiz Fernando Cassinelli, o painel de polipropileno mais resistente já está sendo testado por uma montadora de automóveis no Brasil.
Cassinelli informa que o uso do polipropileno mais resistente não se restringe aos painéis de carros. "Com ele podemos fazer uma bandeja para alimentos que resista tanto à temperatura baixa i de um freezer quanto à temperatura elevada de um microondas, produto até então inexistente no País", informa.
A nova resina é até dez vezes mais resistentes que o polipropileno convencional, segundo Lugão. Por isso, ela permite aumentar a velocidade das Unhas de produção e reduz a perda de peças no processo. "Em alguns casos, como o da fabricação de filmes para revestimento de carros, o polipropileno resistente pode baratear o custo de produção", diz o coordenador.
Segundo Lugão, o polipropileno com alta resistência do fundido pode custar até duas vezes mais caro que o convencional.
A resina já é fabricada pela OPP no Brasil. No entanto, parte da produção ainda é feita no laboratório da USP. Segundo Cassinelli, a empresa produz cerca de 5 toneladas/mês da resina desde maio, e tem capacidade para produzir 100 toneladas mensais do polipropileno. "Os nossos clientes estão testando o produto, que tem mercado no Brasil e no exterior", diz.
O polipropileno com alta resistência do fundido é inédito no Brasil, mas já existe nos Estados Unidos e Alemanha.
O projeto da resina teve início no final de 1999 e faz parte do Programa Parceria para Inovação Tecnológica (Pite) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Ao todo, a pesquisa da nova resina consumiu R$ 172,5 mil, sendo R$ 36.5 mil de recursos da Fapesp.
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DCI