Brasil precisa continuar a desenvolver sua própria tecnologia de controle biológico de pragas agrícolas para minimizar os danos econômicos causados por esses flagelos naturais ao setor no país. A avaliação foi feita por José Roberto Postali Parra, professor titular do Departamento de Entomologia e Acarologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em conferência durante o Simpósio Científico sobre Defesa Sanitária Animal e Vegetal.
O evento, realizado em São Paulo, debateu avanços obtidos na área de Defesa Sanitária Animal e Vegetal, que juntamente com Oceanografia foram temas do Prêmio Fundação Bunge 2011. A premiação foi realizada nessa terça, dia 13.
De acordo com o pesquisador, o controle biológico de pragas – em que se utilizam insetos criados em massa em laboratório para combater predadores de plantas – é uma realidade no Brasil e demandou décadas de estudos para ser implementado e propagado pelo país e pela América Latina. Entretanto, por possuir grandes extensões de terra, a agricultura brasileira impõe desafios para a utilização da técnica por dificultar os levantamentos de amostragem de pragas de inimigos naturais.
Em função disso, de acordo com Parra, o país não pode recorrer a tecnologias de controle biológico desenvolvidas nos países da Europa, por exemplo, onde o controle biológico é realizado em casas de vegetação – estruturas semelhantes a estufas que possuem condições adaptadas para o cultivo –, mas deve procurar desenvolver uma tecnologia própria, adaptada às suas extensas áreas agrícolas.
Um dos exemplos bem-sucedidos de combate de pragas por controle biológico no Brasil realizado por Parra e seu grupo de pesquisadores foi a do minador dos citros, que surgiu nas plantações de laranja no Estado de São Paulo em 1996.
— Temos potencial para aplicação do controle biológico de pragas nas culturas de milho, algodão, eucalipto, sorgo sacarino, hortaliças e soja. Essa tecnologia no Brasil hoje é muito mais realidade do que ficção — destacou.
FAPESP