A afirmação, de enorme importância para o futuro econômico do país e o futuro ambiental do planeta, foi sustentada por um professor titular da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp
O etanol de cana-de-açúcar produzido no Brasil pode substituir, até 2025, 5% ou mais da gasolina consumida em todo o mundo. A afirmação, de enorme importância para o futuro econômico do país e o futuro ambiental do planeta, foi sustentada por Luís Cortez, professor titular da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, em sua apresentação na Convenção Latino-Americana do Global Sustainable Project (GSB), que está sendo realizada na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) desde o dia 23 de março.
A reunião latino-americana é a terceira das cinco programadas pelo GSB para 2010 em países de quatro continentes, com vista a produzir uma espécie de painel global sobre sustentabilidade energética, a exemplo dos já existentes sobre mudanças climáticas e biodiversidade. A convenção termina hoje (25/3/2010), com a divulgação da resolução latino-americana, a mais aguardada pelos cientistas.
Perspectivas para o Brasil
Em sua palestra, Luís Cortez, lembrou que as fontes renováveis já respondem por 46% da demanda brasileira de energia (um percentual 3,5 vezes maior do que o registrado no mundo, de 13%) e a cana-de-açúcar por 15%. A produção do etanol, que cresceu motivada pela "necessidade", após a crise do petróleo da década de 1970, encontra-se agora diante da perspectiva de um novo ciclo de expansão, regido pela "oportunidade".
O interessante é que as plantações de cana para a produção de etanol ocupam, atualmente, apenas 0,4% do campo brasileiro: 3,4 milhões de hectares, contra 22 milhões de hectares destinados à soja e 200 milhões de hectares de pastagens. A grande questão a responder é: quanto etanol sustentável pode ser produzido no país, sem que o crescimento do setor impacte a Amazônia e outros santuários ecológicos nem compita com a produção de alimentos?
Um estudo coordenado pelo professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite, de que o próprio Cortez participa (NIPE-Unicamp/CGEE Ethanol Project), desenhou dois cenários: o primeiro, com a substituição pelo etanol de 5% da gasolina consumida no mundo em 2025; o segundo, com uma substituição de 10%. No primeiro cenário, a produção teria que subir dos atuais 26 bilhões de litros por ano (cifra que corresponde à contribuição conjunta do Brasil e dos Estados Unidos) para 102 bilhões l/ano. No segundo, seriam necessários 205 bilhões de litros anuais.
Foram consideradas tanto a manutenção do atual patamar tecnológico, com eventuais melhorias, como a desejável adoção de um novo patamar, com a incorporação das chamadas tecnologias de segunda geração (conversão da celulose residual e não apenas do caldo da cana em etanol).
FONTE: Tn Petroleo