Aves migratórias podem trazer a doença para o País. A rápida propagação do H5N1, a variedade letal que atingiu 13 países somente este mês, preocupa especialistas
A rápida proliferação da gripe aviária, que apenas neste mês já atingiu 13 países da Ásia, Europa e África, mostra que nenhuma nação está fora da rota da doença. A preocupação dos especialistas diz respeito não apenas à velocidade com a qual o vírus H5N1 — o tipo mais agressivo e letal de gripe aviária — tem se propagado, mas também ao fato de a doença ter atingido o continente africano. O registro de casos na Nigéria mostra que, ao contrário do que a comunidade científica previa, não são apenas os países de clima frio que mais se mostram suscetíveis à doença. Países de clima quente, como o Brasil, também podem ser atingidos pelo H5N1.
"É verdade que o clima influencia na sobrevivência do vírus. Mas agora sabe-se que ele não é um fator determinante", explica o virologista do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da Rede de Diversidade Genética de Vírus da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Paolo Zanotto. Segundo ele, em lagos de água fria, o vírus transmitido pelas aves migratórias aquáticas — como gansos, patos e cisnes — resiste por mais tempo. "Seria natural que a propagação ocorresse na Europa e na Ásia, onde as temperaturas são mais baixas", explica. "Mas a Nigéria mudou essa idéia", diz.
Há duas correntes científicas que tentam explicar a disseminação da doença. Uma delas prega que o vírus passa de um continente para outro não em função do clima, mas em função da rota das aves migratórias. "Nesse caso, faria sentido que a gripe aviária chegasse à Nigéria, pois há uma rota de migração no sentido da Ásia para a África", afirma a pesquisadora da área de suínos e aves da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e PhD em virologia, Liana Brentano. Já a outra corrente defende que a doença está se espalhando por problemas de manejo das aves em granjas domésticas.
"Nessa visão, pode-se explicar a proliferação da doença na Turquia e em outros países da Ásia, onde as condições de higiene são precárias", diz a pesquisadora. Ela acredita, porém, que a rápida disseminação da gripe aviária é fruto de uma combinação de fatores. "Não se pode culpar apenas as aves migratórias ou os produtores. Penso que eles atuam juntos. Acredito que o vírus H5N1 se propague pela ação conjunta das aves migratórias, da precariedade das práticas da avicultura e da falta de controle na importação de carnes", alega. "Um país que reúna esses três fatores está mais suscetível a ter a doença", considera.
No caso das rotas migratórias, a pesquisadora diz que Brasil, Canadá e Estados Unidos podem ser atingidos por aves contaminadas. "As aves podem fazer uma migração no sentido leste-oeste, da Nigéria para o Brasil. Não é muito freqüente, mas acontece", afirma Liana Brentano.
Na mesma direção leste-oeste, o Canadá e os Estados Unidos podem receber aves migratórias contaminadas, porque as aves que saem da Europa e passam pelos dois países. "Não há razão para pânico, porque a doença ainda não atingiu os plantéis comerciais, afetando mais as aves selvagens e domésticas. Mas esses países devem investir em medidas preventivas", aconselha a pesquisadora.
A rápida proliferação da gripe aviária, que apenas neste mês já atingiu 13 países da Ásia, Europa e África, mostra que nenhuma nação está fora da rota da doença. A preocupação dos especialistas diz respeito não apenas à velocidade com a qual o vírus H5N1 — o tipo mais agressivo e letal de gripe aviária — tem se propagado, mas também ao fato de a doença ter atingido o continente africano. O registro de casos na Nigéria mostra que, ao contrário do que a comunidade científica previa, não são apenas os países de clima frio que mais se mostram suscetíveis à doença. Países de clima quente, como o Brasil, também podem ser atingidos pelo H5N1.
"É verdade que o clima influencia na sobrevivência do vírus. Mas agora sabe-se que ele não é um fator determinante", explica o virologista do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da Rede de Diversidade Genética de Vírus da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Paolo Zanotto. Segundo ele, em lagos de água fria, o vírus transmitido pelas aves migratórias aquáticas — como gansos, patos e cisnes — resiste por mais tempo. "Seria natural que a propagação ocorresse na Europa e na Ásia, onde as temperaturas são mais baixas", explica. "Mas a Nigéria mudou essa idéia", diz.
Há duas correntes científicas que tentam explicar a disseminação da doença. Uma delas prega que o vírus passa de um continente para outro não em função do clima, mas em função da rota das aves migratórias. "Nesse caso, faria sentido que a gripe aviária chegasse à Nigéria, pois há uma rota de migração no sentido da Ásia para a África", afirma a pesquisadora da área de suínos e aves da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e PhD em virologia, Liana Brentano. Já a outra corrente defende que a doença está se espalhando por problemas de manejo das aves em granjas domésticas.
"Nessa visão, pode-se explicar a proliferação da doença na Turquia e em outros países da Ásia, onde as condições de higiene são precárias", diz a pesquisadora. Ela acredita, porém, que a rápida disseminação da gripe aviária é fruto de uma combinação de fatores. "Não se pode culpar apenas as aves migratórias ou os produtores. Penso que eles atuam juntos. Acredito que o vírus H5N1 se propague pela ação conjunta das aves migratórias, da precariedade das práticas da avicultura e da falta de controle na importação de carnes", alega. "Um país que reúna esses três fatores está mais suscetível a ter a doença", considera.
No caso das rotas migratórias, a pesquisadora diz que Brasil, Canadá e Estados Unidos podem ser atingidos por aves contaminadas. "As aves podem fazer uma migração no sentido leste-oeste, da Nigéria para o Brasil. Não é muito freqüente, mas acontece", afirma Liana Brentano.
Na mesma direção leste-oeste, o Canadá e os Estados Unidos podem receber aves migratórias contaminadas, porque as aves que saem da Europa e passam pelos dois países. "Não há razão para pânico, porque a doença ainda não atingiu os plantéis comerciais, afetando mais as aves selvagens e domésticas. Mas esses países devem investir em medidas preventivas", aconselha a pesquisadora.