Um estudo realizado pelo Instituto de Geociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro revelou que a reposição de águas no Aquífero Guarani está abaixo do necessário para garantir a manutenção da quantidade disponível no reservatório. Esta reserva se estende por áreas do Sul e Sudeste do Brasil, além de abranger territórios do Paraguai, Uruguai e Argentina, atendendo a aproximadamente 90 milhões de pessoas e sendo fundamental para a manutenção dos níveis de rios e lagos em algumas regiões do interior paulista durante períodos de seca.
O pesquisador Didier Gastmans, do Centro de Estudos Ambientais da Unesp Rio Claro, destacou a importância do estudo em entender o papel da chuva na reposição de águas no aquífero, principalmente nas áreas de afloramento. Segundo ele, a superexploração do reservatório tem sido constante ao longo dos anos e piorou com a mudança na distribuição das chuvas nestas áreas. Essa situação preocupa especialmente regiões de grande produção agrícola e alta densidade populacional, como é o caso de Ribeirão Preto.
A falta de ações claras por parte dos órgãos públicos também foi apontada como uma preocupação pelo pesquisador. Gastmans ressaltou a importância de implementar um sistema de monitoramento em tempo quase real para conhecer e dimensionar as demandas e, assim, desenvolver políticas de curto e médio prazo. Além disso, ele defendeu a integração das águas subterrâneas e superficiais para uma utilização mais eficiente de acordo com a disponibilidade sazonal.
A pesquisa utilizou marcadores como isótopos estáveis de hidrogênio e oxigênio para identificar a origem das águas no reservatório, além de datação com isótopos dos gases criptônio e hélio em alguns poços para determinar a idade da água. Os resultados apontaram idades variando de 2.600 a 720 mil anos em diferentes regiões.
Diante desse cenário, a gestão sustentável do Aquífero Guarani se torna uma questão urgente e exige ações coordenadas e eficazes para garantir a disponibilidade de água para as gerações futuras. A conscientização e a implementação de medidas de conservação e uso racional dos recursos hídricos se tornam essenciais para preservar esse importante reservatório subterrâneo.