Dados indicam que diâmetro varia até 70 quilômetros
O Brasil está desenvolvendo pesquisa de ponta na área da astrometria, a parte da astronomia que realiza medições sobre estrelas e planetas. Nos últimos 14 meses, astrônomos do Observatório Nacional vêm utilizando um astrolábio automatizado para acompanhar as variações do diâmetro do Sol. A qualidade e a periodicidade das medições - feitas diariamente durante três horas - vêm atraindo atenção da comunidade astronômica, especialmente dos cientistas franceses.
Intitulado Observações Solares com Astrolábio, o projeto está a cargo dos astrônomos brasileiros Jucira Penna e Alexandre Andrei e dos russos Serguei Puliaev e Evgueni Jilinki. As medições são feitas em parceria com o centro de pesquisa astronômica Observatoire de la Cote d'Azur, da França. Dirigido pelo francês Francis Laclare, o convênio entre as duas instituições permite aproveitar a alternância dos verões entre os hemisférios Norte e Sul. A observação do Sol depende de dias claros, mais comuns no verão e primavera. Com a parceria, é possível observar o Sol durante o ano todo, sem ter de interromper a pesquisa nos períodos de mau tempo.
As condições climáticas e de estrutura do Observatório Nacional são favoráveis às medições do Sol. O Rio tem em média 180 dias claros por ano, excluindo-se os fins-de-semana e feriados. E, ao contrário do que acontece na maioria dos observatórios, o astrolábio fica próximo ao centro de pesquisa. Isto permite uma maior agilidade no tratamento dos dados.
Projeto - Graças a estes recursos, os astrônomos do Observatório fizeram 4 mil medições desde janeiro do ano passado. Os cientistas franceses levaram dez anos para fazer o mesmo número de observações. Os resultados valeram um convite à equipe brasileira para participar do projeto Picard. O Picard é um satélite que será lançado pela Agência. Espacial Européia em 2002, para realizar medições do Sol, de forma a complementar as pesquisas feitas em terra.
O Sol influencia a Terra de diversas maneiras, afetando desde o campo magnético e a atmosfera até a própria existência de vida. Além disso, é a estrela que oferece maiores facilidades de observação. Por isto, todas as pesquisas, nesta área são consideradas importantes para a astronomia. A questão da variação do diâmetro do Sol é antiga, e tem levantado várias questões. Como explica o astrônomo Alexandre Andrei, os cientistas sabem que o diâmetro do Sol varia durante o ano. O que impressiona é a extensão desta variação, que pode chegar a 70 quilômetros. "A teoria atômica explica que a estrutura das estrelas pulsa. Este pulso é causado pela forte atração gravitacional e pelas explosões nucleares no interior das estrelas, que geram expansão e contração. Mas esta variação deveria ser pelo menos mil vezes menor do que as nossas medidas", diz.
Apesar dos resultados, a pesquisa está vivendo um momento delicado. Este ano terminam as bolsas de estudos dos russos Evgueni e Serguei. A direção do Observatório pleiteia uma prorrogação das bolsas, por achar que este não é um momento propício para contratações no serviço público. Falando português com fluência, Evgueni e Serguei se dizem totalmente adaptados ao país e incomodados com as incertezas quanto a seu futuro e à continuidade das pesquisas. "O mais importante na produção científica de um país é construir uma tradição", afirma.
- A Nasa, agência espacial americana, foi obrigada a adiar o lançamento da nave Columbia, marcado para a tarde de ontem, devido a falhas detectadas no sistema de comunicação. Se a Nasa não conseguir resolver os problemas técnicos até hoje, o lançamento deverá ser adiado para a próxima semana. O problema é que o bagageiro da nave está cheio de animais recém-nascidos para uma série de pesquisas científicas. Na próxima semana, os animais não serão mais úteis para os testes. "Os problemas deverão ser resolvidos logo", disse George Diller, porta-voz da Nasa
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Jornal do Brasil