Atualmente, a tecnologia é mais do que necessária à rotina do ser humano. Smartphones, tablets, motores híbridos, TVs de ultradefinição, miniprojetores e casas inteligentes são traços da modernidade já presentes em todos os aspectos do dia a dia. E sempre em constante mudança.
Agora, imagine todas essas amplas possibilidades acrescidas de uma vantagem, como o uso de matéria-prima cuja resistência é 200 vezes superior à do aço, praticamente transparente, impermeável e flexível. Isso fará parte da rotina de todos no planeta até a próxima década, graças ao grafeno. Este material – comparado ao silício – propiciará avanços científicos e tecnológicos sem precedentes.
Essa realidade tecnológica passa a fazer parte da vida dos brasileiros, com a inauguração do primeiro Centro de Pesquisa Avançadas em Grafeno da América Latina, o MackGraphe, construído pelo Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) e a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Será entregue à comunidade científica hoje, 2 de março, às 17h, no campus Higienópolis (Rua Itambé, em São Paulo).
A solenidade contará com a participação dos gestores do Mackenzie, presidente e integrantes do seu Conselho Deliberativo, reitor e diretores da Instituição. Já confirmaram presença autoridades dos governos Federal e do Estado, órgãos de fomento e pesquisa e comunidade acadêmica. O evento terá a presença do Prêmio Nobel de Física 2010, o físico russo Sir André Geim, e do brasileiro Antonio Hélio de Castro Neto, físico e atual diretor daCentre for Advanced 2D Materials da National University of Singapore e professor visitante do MackGraphe.
Mesmo com a retração econômica no País, o Mackenzie já investiu R$ 100 milhões nesse promissor ramo de pesquisa, nos últimos dois anos. O empreendimento terá grande influência no campo da engenharia aplicada e da inovação tecnológica. O edifício conta com área superior a quatro mil metros quadrados, distribuídos em nove pavimentos (sete andares e dois subsolos). Além dos laboratórios com equipamentos de ponta, os 15 pesquisadores envolvidos nos projetos de pesquisas de grafeno e materiais bidimensionais têm à disposição uma sala limpa “Classe 1.000”, com 200 metros quadrados (área com controle de partículas), que mantém o ambiente extremamente higienizado, para não prejudicar os experimentos.
De acordo com o presidente do IPM, Dr. Maurício Melo de Meneses, a inauguração do MackGraphe coloca o Brasil na corrida mundial na busca de desenvolvimento tecnológico. “Pesquisas e produtos em grafeno já são o foco de grandes universidades do mundo e, agora, com o apoio da Fapesp, nós colocamos a América Latina nesse patamar. A parceria com indústrias brasileiras tornará tangíveis as nossas descobertas e possibilitará melhor resultado na competitividade mundial”.
Com status de material mais resistente e fino do Planeta, além de um excelente condutor de eletricidade e calor, o grafeno é o futuro da tecnologia mundial, com potencial de movimentar um mercado de US$ 1 trilhão em vários setores: defesa, eletroeletrônicos, semicondutores, produtos como plástico ou látex, televisões e smartphones, com displays flexíveis e transparentes. Além disso, estudos recentes revelam que o material também pode ser utilizado na filtragem de água.
Para o reitor da UPM, prof. Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto, a pesquisa com o grafeno é estratégica e permite o uso de todo o potencial dos pesquisadores existentes na universidade. “Perdemos a corrida do silício, a principal matéria-prima na industrialização de chips e outros componentes eletrônicos. Temos o desafio de inserir o Brasil no mapa da inovação, com o desenvolvimento de pesquisas e patentes que tragam benefícios para a sociedade e contribuição à competividade nacional”.
Eunézio Antônio Thoroh de Souza, coordenador do MackGraphe, afirma que nos próximos 20 anos veremos o grafeno presente em diversas tecnologias em nosso dia a dia e outras que ainda nem imaginamos, pois um novo material permite criar novas tecnologias. “Estamos fazendo o dever de casa: aproveitando oportunidades e nos tornando personagens atuantes no campo da inovação. Vivemos uma nova era; um novo Mackenzie”, ressalta.
Com isso, a interação com empresas mostra-se uma prioridade. O MackGraphe colaborará com a indústrias nacionais e multinacionais. Além disso, os estudantes terão a possibilidade de desenvolver projetos no centro de pesquisa, buscar financiamento e criar suas próprias empresas de tecnologia voltadas ao grafeno, ou seja, a universidade pretende criar um spin-off a partir das pesquisas. Além de gerar riquezas para o Brasil, os estudos criarão empregos sofisticados, em um processo nacional de autossuficiência científica e tecnológica.
Atualmente, 1 kg de grafite custa US$ 1 e dele pode-se extrair 150g de grafeno, avaliado em pelo menos US$ 15 mil, uma fantástica valorização. Prevê-se que o mercado de grafeno terá potencial para atingir até US$ 1 trilhão em 10 anos. E o melhor: estima-se que o Brasil possua a maior reserva mundial, segundo relatório publicado em 2012 pelo DNPM.
SERVIÇO:
Inauguração do MackGraphe
Data: 02/03/2016 (quarta-feira)
Horário: 17h
Local: Universidade Mackenzie, campus Higienópolis (Rua Itambé, 143, prédio 12)
Conferência Científica ministrada pelo Prêmio Nobel
Data: 03/03/2016 (quinta-feira)
Horário: 10h
Local: Universidade Mackenzie, campus Higienópolis (Rua Itambé, 143, prédio 12)