O AmazonFACE materializa a capacidade de excelência da ciência brasileira de prover evidências científicas e contribuir com o combate às mudanças climáticas. É essa competência que nos coloca como potência científica na América Latina e como importante elo na construção das relações internacionais do Brasil”
Luciana Santos, ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, e o ministro das Relações Exteriores, Commonwealth e Desenvolvimento do Reino Unido, James Cleverly, visitaram nesta terça-feira (23/5) a estação de pesquisa do AmazonFACE. A estrutura fica cerca de 80km ao norte de Manaus, e lá estão sendo montadas as torres do programa na Floresta Amazônica.
Na visita, o chanceler britânico anunciou aporte de 2 milhões de libras (cerca de R$ 12,3 mlhões) ao programa. Com isso, o Reino Unido soma 7,3 milhões de libras (R$ 45 milhões) de apoio ao AmazonFACE desde 2021. O governo brasileiro investiu R$ 32 milhões por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). A liberação dos recursos foi anunciada pela ministra Luciana Santos durante a visita.
Os resultados do AmazonFACE vão ajudar a comunidade científica internacional a compreender melhor como a maior floresta tropical pode ajudar na mitigação das mudanças climáticas globais, bem como aumentar a precisão de sua vulnerabilidade ao aquecimento global. A iniciativa tem contribuição central para respostas mais apropriadas no alcance das metas globais do clima.
O AmazonFACE é o principal projeto de cooperação científica entre os dois países. O Reino Unido é o segundo maior parceiro de ciência e tecnologia do Brasil, sendo que nos últimos sete anos houve cooperação em pelo menos 700 iniciativas bilaterais de pesquisa.
Uma das torres do AmazonFACE na Amazônia. Foto: Raul Vasconcelos/ MCTI
Uma das torres do projeto AmazonFACE na Amazônia. Foto: Divulgação
“O AmazonFACE materializa a capacidade de excelência da ciência brasileira de prover evidências científicas e contribuir com o combate às mudanças climáticas. É essa competência que nos coloca como potência científica na América Latina e como importante elo na construção das relações internacionais do Brasil”, afirmou a ministra Luciana Santos.
Nossa parceria para o crescimento verde e inclusivo é um símbolo das muitas áreas em que Reino Unido e Brasil podem cooperar para benefício dos nossos povos e do mundo inteiro”
James Cleverly, chanceler do Reino Unido
“Estou feliz em ser o primeiro chanceler britânico a visitar o Brasil depois de tantos anos. Vim aqui para renovar e fortalecer nossos laços. É uma parceria marcada por valores compartilhados, como liberdade, democracia e preocupação com a situação do planeta. Nossa parceria para o Crescimento Verde e Inclusivo é um símbolo das muitas áreas em que Reino Unido e Brasil podem cooperar para benefício dos nossos povos e do mundo inteiro”, disse o chanceler britânico.
O QUE É – O AmazonFACE é um programa de pesquisa do MCTI e integra a estratégia da pasta para desenvolver ciência para e sobre a Amazônia. O programa é coordenado por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa/MCTI) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em cooperação internacional com o governo britânico e implementado pelo Met Office – o serviço de meteorologia britânico.
O experimento se propõe a responder a seguinte questão global: “Como as mudanças climáticas afetarão a Floresta Amazônica, a biodiversidade que abriga e os serviços ecossistêmicos que ela fornece à humanidade?”. Para isso, o AmazonFACE avalia a capacidade de resposta da floresta tropical a níveis elevados de dióxido de carbono (CO₂) e os impactos deste processo para o clima global, a biodiversidade e os ecossistemas. Ou seja: como a floresta reage ao aumento de concentração de CO₂ para entender seu papel dentro do contexto das mudanças climáticas.
Esse conhecimento é muito importante para o desenvolvimento de políticas de mitigação. As simulações dos modelos computacionais climáticos de vegetação nada poderão fazer sem dados de campo que mostrem se esse efeito de fertilização por CO₂ de fato existe na Floresta Amazônica, quão forte é e quanto tempo vai durar. A informação que será gerada é de grande importância para oferecer melhores projeções sobre o que vai acontecer com a maior floresta tropical do mundo.
TECNOLOGIA FACE – O experimento utiliza a tecnologia FACE (Free Air Carbon Dioxide Enrichment), ou enriquecimento de gás carbônico ao ar livre, em português. A tecnologia FACE libera ar enriquecido com gás carbônico sobre uma vegetação e monitora suas respostas. Isso vai ajudar a entender como o aumento do CO₂ modifica folhas, raízes, solo, ciclo da água e dos nutrientes da Floresta Amazônica. O impacto ao redor da área do experimento na Amazônia será mínimo e todo o carbono liberado será compensado com o plantio de árvores em áreas de fronteira com o desmatamento. A tecnologia existe desde os anos 1990 e já foi aplicada em projetos em florestas temperadas nos Estados Unidos e na Austrália e no Reino Unido. O AmazonFACE é o único em floresta tropical.
INFRAESTRUTURA – Para executar o experimento, estão em construção os anéis (plots) em um território reservado para pesquisa na Floresta Amazônica. Cada anel tem 16 torres de 35 metros de altura e 30 metros de diâmetro, que circundam cerca de 50 árvores adultas. É por meio dessas torres que será liberado o ar com CO₂. Nelas também serão acoplados sensores de monitoramento que medem a concentração de CO₂ no ar. No total, serão seis anéis. Cada anel terá também um guindaste com cerca de 50 metros de altura que permitirá aos cientistas coletar materiais e observar o que acontece acima da copa das árvores. A previsão é colocar os seis anéis em operação no início de 2024. O empreendimento científico tem o desafio de montar a infraestrutura da plataforma de pesquisa com a tecnologia FACE.
A iniciativa recuperou 34 km de ramal de acesso à ZF-02 que vai permitir a passagem de veículos, cabos de comunicação, de fibra óptica e instrumental técnico nas áreas de pesquisa do AmazonFACE. O programa também estuda as consequências socioeconômicas do aumento do CO₂ na atmosfera e avalia como as pessoas percebem as mudanças climáticas e quais estratégias de adaptação elas adotam no cotidiano para lidar com o novo contexto.
Fonte: gov.br