Brasil e Argentina estarão em breve mais perto das estrelas quando instalarem na província argentina de Salta uma antena paraboloide de 12 metros de diâmetro que melhorará a qualidade das pesquisas na área da astronomia.
Trata-se do projeto Llama (sigla de Long Latin American Millimetre Array), que implica um investimento de US$ 18 milhões financiado em conjunto por Brasil e Argentina, segundo disse à Agência Efe o ministro da Educação, Ciência e Tecnologia da província de Salta, Roberto Dib Ashur.
O novo radiotelescópio, que será instalado cerca de 4.825 metros sobre o nível do mar perto da cidade de San Antonio de Los Cobres (1.634 quilômetros ao noroeste de Buenos Aires) e que começará a funcionar dentro de três anos, impulsionará o desenvolvimento de pesquisas sobre física solar, buracos negros, formações estelares e galáxias.
Este ponto da Puna saltenha, aonde chega o famoso Trem às Nuvens, é uma "parte privilegiada do hemisfério sul do planeta para olhar o Universo" graças à altura, à qualidade dos céus e ao pouco movimento do solo, segundo destacou Dib Ashur.
O projeto Llama é desenvolvido a partir de um convênio entre o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
A parte brasileira se comprometeu a comprar o telescópio, enquanto o Estado argentino se encarregará de desenvolver toda a infraestrutura e logística necessária para a instalação do gigantesco aparelho de observação.
Um dos elementos que comprova a importância do projeto é porque sua localização estratégica permitirá realizar pesquisas de forma complementar com o denominado projeto Alma (Atacama Long Millimeter Array).
Alma é uma rede de 60 antenas instalada no Deserto do Atacama, no Chile, por Estados Unidos, Canadá, Japão, Taiwan e países europeus.
"Quando o projeto Llama operar em conjunto à rede que está do outro lado da cordilheira dos Andes será como ter uma antena de 240 quilômetros de diâmetro", afirmou o ministro Dib Ashur.
O trabalho em conjunto entre o projeto argentino-brasileiro e a rede de antenas Alma abrirá uma gama muito ampla de possibilidades para o estudo de diversos fenômenos do Universo, com um avanço na precisão das imagens obtidas.
Para os impulsores de Llama um dado "chamativo" é que a rede montada no Chile teve um custo altíssimo, calculado em US$ 1,4 bilhão, enquanto a única antena financiada por Brasil e Argentina permitirá elevar até dez vezes sua resolução angular, ou seja, a capacidade de detalhe dos estudos, com um investimento muitíssimo menor.
A instalação de Llama terá um impacto significativo na Puna saltenha, que é considerado o lugar por excelência para o desenvolvimento da astronomia observacional na Argentina, por sua altitude e suas condições atmosféricas.
Dib Ashur comentou que um projeto de tal magnitude abre mais possibilidades de levar adiante desenvolvimentos deste tipo e confirmou que há outros projetos pensados em colaboração bilateral junto a Estados Unidos e Rússia.
Para o ministro, o projeto Llama não só chamará a atenção da comunidade científica internacional, mas também afetará o desenvolvimento da indústria turística.
Em paralelo ao projeto Llama será instalado no Cerro Macón, a 360 quilômetros da cidade capital de Salta, um telescópio que custará US$ 600 mil e se estabelecerá ali o Centro Argentino-Brasileiro de Astronomia (ABRAS), que levará adiante ações de parceria internacional com o Instituto Keldysh da Rússia, e observará lixo espacial e objetos que orbitam a terra.
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