Agência Fapesp
SÃO PAULO - Em uma operação de grandes proporções, um importante radiotelescópio com antena de mais de 14 metros de diâmetro, localizado na região metropolitana de Fortaleza (CE), acaba de ser reparado com sucesso.
O equipamento, que estava fora de uso há um ano devido a um problema técnico aparentemente incontornável, é uma unidade básica de uma rede mundial de geodésia espacial. A rede, que conta com antenas semelhantes em diversos continentes, é responsável por serviços estratégicos como a calibração dos satélites GPS.
O radiotelescópio é operado pelo Centro de Radioastronomia e Astrofísica Mackenzie (Craam), da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em cooperação com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por meio de um convênio entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Nasa, a agência espacial norte-americana.
Localizado no município de Eusébio (CE), o instrumento é o único do gênero no país e integra o Rádio Observatório Espacial do Nordeste (Roen). A antena faz parte de uma rede internacional com mais 30 grandes radiotelescópios concentrados principalmente na Europa, Estados Unidos, Japão, Rússia, Austrália e África do Sul.
De acordo com Pierre Kaufmann, professor do Craam, o reparo foi realizado pelas empresas brasileiras Robrasa, do grupo Thyssen Krupp e sua parceira instaladora Peyrani. Com o apoio e orientação do Departamento de Mecânica da Escola de Engenharia da Universidade Presbitariana Mackenzie, o serviço foi encaminhado à empresa e pago com recursos da Nasa.
"A complexidade do reparo necessário era tão grande que, há cerca de um ano, estávamos em vias de encerrar o programa. Não havia opções. Trocar de antena estava fora de cogitação, pelo custo elevado. Mas a empresa contratada fez uma proposta bastante criativa, que viabilizou o reparo", disse o cientista que coordena o Projeto Temático Emissões da atividade solar do submilimétrico ao infravermelho, apoiado pela FAPESP.
A antena, inaugurada em 1993, teve um problema em seu eixo azimute, que possibilita o movimento horizontal. Para corrigir, era preciso trocar um rolamento de 2,5 metros de diâmetro. O novo rolamento foi fabricado em Diadema (SP), mas a operação - complexa e cara - consistia em desmontar e remontar a antena para a instalação do novo rolamento.