O uso comercial da internet no Brasil completa neste mês 30 anos. A história, no entanto, começa algum tempo antes, em 1988, relembra o CEO da ConsulData e professor mestre, Luís Carlos Tenório Marcondes.
“Foi quando o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), no Rio de Janeiro, conseguiu acesso à Bitnet, uma rede acadêmica internacional. Pouco depois, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) também se conectou à Bitnet, criando a rede ANSP, que interligava diversas universidades paulistas”, detalha.
A partir de 1995, os provedores comerciais surgem — o site de A Tribuna nasceu no ano seguinte. Naquela época, a internet era basicamente usada para mandar e-mails, visitar páginas institucionais estáticas, participar de bate-papos no mIRC ou no ICQ e, para os mais curiosos, explorar o Yahoo ou AltaVista em busca de informações, relembra Luis Fernando Bueno Mauá, engenheiro da Computação e professor da Unisanta no curso de Sistemas de Informação e Análise de Desenvolvimento de Sistemas. “Ver um vídeo era impensável, baixar uma música levava horas, e o design dos sites era rudimentar. Ainda assim, a empolgação de estar conectado a algo global era enorme”, recorda.
Pontos de virada
Nos anos 2000, com a chegada da banda larga, a internet se tornou mais rápida e acessível, impulsionando o surgimento de blogs, fóruns e sistemas de gerenciamento de conteúdo. Em paralelo, veio o crescimento das lan houses, locais de acesso à grande rede.
O ano de 2004 marcou o início da era das redes sociais no Brasil, com o Orkut. Foi também a época em que a interação deixou de ser apenas texto e passou a incorporar fotos, vídeos e outras mídias. A chegada dos smartphones e da internet móvel, em 2007, fez com que as pessoas acessassem a internet de forma contínua.
O lançamento do WhatsApp em 2009 mudou a forma de comunicação. “O uso do e-mail pessoal caiu, e as trocas de mensagens migraram para um ambiente rápido, direto e gratuito. Ao mesmo tempo, redes como Facebook, Instagram e Twitter ganharam espaço, e os próprios sites começaram a perder relevância direta”, argumenta.
A partir de 2014, com o avanço do 4G, o consumo de vídeo, streaming e serviços em nuvem cresceu vertiginosamente. Plataformas como Netflix, Spotify e YouTube se tornaram populares. O momento também marca a consolidação do e-commerce móvel. Em 2020, a pandemia de covid-19 forçou a aceleração na digitalização de serviços.
Nos últimos anos, o Brasil começou a experimentar a chegada do 5G, com velocidades muito superiores. “Isso abre caminho para tecnologias como a Internet das Coisas (IoT), realidade aumentada, metaverso e inteligência artificial embarcada em tempo real, impactando setores como saúde, agricultura, educação e mobilidade urbana”, finaliza Mauá.
Tendências para os próximos 10 anos
CRIANÇAS
Acesso cada vez mais precoce: estudos mostram que crianças estão começando a usar a internet antes dos 6 anos.
Educação digital: plataformas interativas e inteligência artificial devem personalizar o aprendizado.
Segurança online: o desafio será proteger crianças de conteúdos inadequados e riscos digitais.
ADOLESCENTES
Redes sociais predominantes: 83% dos adolescentes brasileiros já possuem contas em redes sociais. O perigo de manipulação está presente.
Saúde mental e internet: o uso excessivo pode impactar o bem-estar, exigindo mais conscientização sobre limites saudáveis. São os viciados em internet.
Habilidades digitais: a internet será essencial para formação profissional e oportunidades de trabalho. Lado positivo do uso da tecnologia.
ADULTOS
Automação e IA: o mercado de trabalho será transformado por inteligência artificial e automação. Diversos postos de trabalho deixarão de existir.
Privacidade e segurança: com mais dados online, a proteção digital será uma prioridade.
Conectividade total: a internet das coisas (IoT) tornará casas e cidades mais inteligentes. O uso da domótica será uma realidade em diversos lares, ou seja, serão coisas comuns.