Notícia

DCI

Brasil avança na aplicação prática do genoma humano (1 notícias)

Publicado em 16 de abril de 2003

Por Fabiana Pio
O Brasil já começou a corrida para a aplicação prática do sequenciamento do genoma humano do câncer. Após ter identificado 1,5 milhão de sequências de genes ativos em tumores do câncer, o País direciona-se para o desenvolvimento de diagnósticos mais precisos e tratamentos para o câncer mais eficientes dos atuais disponíveis no mundo. Há seis meses, iniciou-se o Genoma Clínico Humano formado por cerca de 60 cientistas de 19 grupos de São Paulo, Campinas e São José do Campos. Com financiamento de US$ 1 milhão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Instituto Ludwig, "o objetivo dessa segunda fase é identificar alterações gênicas que possam ter um papel importante no desenvolvimento do câncer", segundo Marco Antonio Zago, coordenador do projeto e professor de clínica médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. "Estamos correlacionando dados clínicos com os laboratoriais, e comparando genes dos tecidos normal e canceroso, a fim de esclarecer alterações genéticas que possam ter significados práticos", diz o pesquisador Zago. Atualmente, já foram coletadas amostras de tumores e pesquisados cerca de 450 pacientes. Zago projeta que em um ano cerca de 1,5 mil pacientes participarão do estudo. De acordo com Zago, o desenvolvimento de testes para diagnósticos precoces, testes laboratoriais e desenvolvimento de novas terapias, fazem parte de uma próxima fase, que poderá ser realizada caso a atual seja bem sucedida. Segundo o pesquisador, com essa nova linha de estudo será possível desenvolver tratamentos focalizados nas células responsáveis pelo câncer e não afetar as células normais. "Esse objetivo é ainda bem ambicioso, exceto alguns exemplos bem sucedidos, como o medicamento Glivec da Novartis para o tratamento de leucemia mielóide crônica", diz. De 1999 a 2002, o Brasil identificou 1,5 milhão de sequenciamentos genéticos com o financiamento de US$ 10 milhões da Fapesp e US$ 10 milhões do Instituto Ludwig. Essas sequências foram patenteadas e depositadas no maior banco de dados públicos do mundo, o GenBank. As informações contribuíram para o recém sequenciamento do Genoma Humano. O pesquisador Andrew Simpson coordenou o projeto, que desenvolveu uma técnica própria denominada Orestes. Instituições como Universidade de São Paulo, Universidade Estadual Paulista e Universidade Federal de São Paulo participaram do seqüenciamento do Genoma do Câncer. CONTRIBUIÇÃO BRASILEIRA Brasil identificou 1,5 milhão de seqüências de genes humanos em cerca de três anos Informações foram depositadas no banco de dados público, o GenBank. Elas contribuíram para o seqüenciamento atual do genoma humano Investimento: US$ 10 milhões da Fapesp e US$ 10 milhões do Instituto Ludwig Segunda fase: Genoma Clínico do Câncer Participação: 19 grupos formados por cerca de 60 pesquisadores Objetivo: identificar alteração das funções dos genes relacionados com o câncer Investimento: US$ 1 milhão Início: 6 meses Fontes: Fapesp, instituto Ludwig