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Brasil avança com vacina inédita contra malária vivax (78 notícias)

Publicado em 24 de novembro de 2024

Imunizante desenvolvido por pesquisadores da USP e UFMG está em fase de patente e pode iniciar testes em humanos em 2024

Pesquisadores brasileiros deram um passo significativo no combate à malária vivax, doença que responde por 80% dos casos no Brasil e atinge populações vulneráveis nas Américas. Chamado de Vivaxin, o imunizante passou por uma fase pré-clínica promissora e está em processo de patente. Até janeiro de 2024, o pedido para testes em humanos deve ser protocolado junto às agências reguladoras, conforme anunciou a equipe liderada pela professora Irene Soares, da USP, e pelo professor Ricardo Gazzinelli, da UFMG.

Inovação e desafios na pesquisa

O Vivaxin é a primeira vacina no mundo voltada contra o Plasmodium vivax , um dos parasitas causadores da malária. Atualmente, não existe imunização aprovada para esta variante. A vacina combina três formas genéticas da proteína PvCSP do parasita, aumentando sua eficácia contra diferentes variações. Em testes pré-clínicos realizados em camundongos e coelhos, o imunizante apresentou altos níveis de segurança, eficácia e capacidade de gerar anticorpos.

“O objetivo é vencer o ‘vale da morte' da pesquisa, garantindo que o estudo não termine em publicações científicas, mas em um produto final, desenvolvido integralmente no Brasil”, afirmou Irene Soares.

O desenvolvimento da vacina conta com financiamento da FAPESP, do CNPq e da Finep. Recentemente, os resultados foram apresentados no Congresso de Inovação e Sustentabilidade do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), e artigos relacionados foram publicados nas revistas Vaccine e Frontiers in Immunology

A malária vivax e seus impactos no Brasil

A malária, endêmica na região amazônica, segue como um problema de saúde pública global. Entre janeiro e outubro de 2024, o Brasil registrou 117.946 casos da doença, sendo que 95.113 (80%) foram causados pelo Plasmodium vivax . Populações indígenas são as mais afetadas, representando 45.100 casos até setembro, um aumento de 12% em relação a 2023, segundo o Ministério da Saúde.

A doença é transmitida pela picada de mosquitos Anopheles infectados, provocando febre, calafrios e, em casos graves, convulsões e hemorragias. Embora tratável com medicamentos gratuitos fornecidos pelo SUS, a malária vivax exige maior atenção devido à sua recorrência e complexidade.

Próximos passos

A etapa clínica será fundamental para comprovar a eficácia do Vivaxin em humanos. Com a patente protocolada em outubro, os pesquisadores garantem proteção ao processo de produção e formulação do imunizante, que utiliza adjuvantes desenvolvidos no Brasil.

Se os testes forem bem-sucedidos, o Vivaxin pode se tornar uma ferramenta essencial no combate à malária, especialmente em regiões como a Amazônia, onde a doença é um desafio persistente. A inovação reafirma o potencial da ciência brasileira e a importância de investir em pesquisas que impactam diretamente a saúde pública.