As emissões de dióxido de carbono (CO2) na Amazônia tiveram um aumento alarmante nos últimos anos, revela um estudo publicado pela revista Nature. De acordo com os dados coletados pelos cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as emissões aumentaram em 89% em 2019 e 122% em 2020, quando comparadas à média registrada entre 2010 e 2018.
O estudo aponta que a redução na aplicação das leis de proteção ambiental e das políticas públicas de controle do desmatamento na Amazônia nos últimos dois anos é a principal responsável pelo aumento das emissões de carbono na região. O desmatamento, a queima de biomassa e a degradação florestal são os principais fatores que contribuíram para esse cenário preocupante.
“É evidente a relação entre o aumento do desmatamento e a redução das multas aplicadas”, observa Luciana Gatti, pesquisadora do Inpe e coordenadora do estudo. As multas emitidas pelos órgãos de fiscalização apresentaram uma redução de 30% em 2019 e 54% em 2020, e o pagamento das multas também registrou uma queda significativa, com uma redução de 74% e 89%, respectivamente.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, ressalta que os resultados obtidos pela pesquisa devem servir de alerta para a necessidade de ações e iniciativas que possam reverter essa tendência preocupante. Ela destaca que houve uma redução de 66% no desmatamento da Amazônia em julho deste ano, enfatizando a importância de se manter o compromisso de preservação e conservação da floresta.
O estudo revela ainda outros dados alarmantes para a região amazônica. Houve um aumento de 80% no desmatamento, 42% nas áreas queimadas, 693% na exportação de madeira bruta, 68% na área plantada de soja, 58% na área plantada de milho e 13% no rebanho bovino em dez anos.
A pesquisa envolveu 30 cientistas, incluindo especialistas do Inpe e pesquisadores de outras instituições brasileiras e internacionais. Foram realizados 742 voos entre 2010 e 2020 para a coleta de amostras, o que evidencia o rigor e a abrangência do estudo.
Esses dados são um alerta para a urgência de medidas mais efetivas de proteção ambiental e de controle do desmatamento na Amazônia. É necessário que as autoridades adotem políticas públicas mais rigorosas e invistam em fiscalização e punição adequadas aos infratores para reverter essa tendência preocupante e garantir a preservação desse patrimônio natural de importância global.