Um estudo publicado na revista Perspectives in Ecology and Conservation aponta que o Brasil ainda tem chance de cumprir metas internacionais de redução de gases de efeito estufa. A publicação está assinada por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
O texto apresenta os desafios e soluções para a redução das emissões de CO2 no país. Então, para cumprir as metas internacionais, o Brasil precisa “ajustar as ações socioambientais, fortalecer políticas de proteção das florestas, controlar o desmatamento ilegal e restaurar os biomas”.
Os cientistas argumentam acerca da necessidade de serviços ambientais pagos em todos os biomas – Cerrado, Pantanal, Pampa, Caatinga, Amazônia e Mata Atlântica – para incentivar a bioeconomia. Além disso, apontam a necessidade de atrair investimentos para restauração de áreas degradadas e a criação de novas áreas de proteção ambiental.
Metas do Brasil Pesquisadora do Inpe, Débora Joana Dutra afirma que os cientistas envolvidos quiseram evidenciar a relação dos problemas ambientais do país com as possibilidades de cumprir os compromissos assumidos perante o mundo.
“Quisemos mostrar o panorama de desmatamento, degradação e restauração dos biomas e suas relações com as metas globais do Brasil. Destacamos pontos importantes nesse processo para que o país busque o desenvolvimento sustentável”, diz.
No Brasil, as emissões são originadas em atividades importantes como o desmatamento para o uso agropecuário. Mas como o país é um dos 190 que assinaram o Acordo de Paris, em 2015, ele precisa reduzir em 53% suas emissões de gases até 2030.
O Acordo de Paris determina que os países adotem metas para conter o aumento da temperatura média global em até 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais (anos 1850-1900).
Dificuldades A expectativa dos países é que a meta seja revisada na COP 30, em Belém (Pará), em 2025. Enquanto isso não acontece de fato, o Brasil precisa desenvolver ações com as metas já estabelecidas. No artigo, os pesquisadores apontam o controle do desmatamento nos biomas como um dos principais desafios.
Segundo eles, os 2,8 milhões de hectares desmatados somente em 2022 representaria 23% da meta de restauração do país. A degradação é puxada pelos biomas Amazônia e Cerrado. Além disso, eles apontam que cerca de 16 milhões de hectares em áreas de reserva legal em propriedades rurais precisam de restauração florestal. A maior parte deles estão nos dois biomas citados acima.
Luiz Aragão, pesquisador do Inpe, chama atenção para a degradação, porque afeta os serviços ecossistêmicos, como a ciclagem de água e a biodiversidade. Consequentemente, as pessoas perdem a qualidade de vida.
“A sociedade tem de encarar o problema não só do ponto de vista ambiental, mas sim socioeconômico. Está tudo ligado. Isso porque o desmatamento, por exemplo, é indutor do fogo, que por sua vez traz problemas de saúde para a população e degrada a floresta”, diz.
*Com Agência FAPESP
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ( ODS ), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática.