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Gazeta Mercantil

Bons negócios via Internet (1 notícias)

Publicado em 01 de dezembro de 1995

Por Ivone Santana - de São Paulo
Com a abertura da Internet comercial neste ano, houve uma verdadeira corrida de empresas ansiosas por aparecer nas páginas da World Wide Web, ou simplesmente WWW, a seção multimídia da teia mundial que interliga cerca de 40 milhões de usuários de computadores. Mas quem já chegou ao espaço cibernético e garantiu um site provedor (serviços on-line) pôde constatar que não basta apenas estar na vitrine eletrônica. É preciso que as informações sejam mais atrativas e objetivas, além de interativas, uma chave para o sucesso na nova mídia. Entre os que colocaram os produtos a venda, há casos em que os resultados sequer pagaram uma parte dos gastos com o provedor. Outros garantem que a resposta do público tem sido boa, como atesta o Bradesco, com a venda de cartões de crédito: das 195 solicitações, em três meses, 43 foram negócios concretizados. A CHAVE DO SUCESSO NA INTERNET Ivone Santana - de São Paulo Informações precisam ser mais objetivas e interativas para atrair maior número de usuários Tão logo foi anunciada a abertura da Internet comercial, neste ano, houve uma verdadeira corrida de empresas, ansiosas para aparecer nas páginas da World Wide Web, ou simplesmente WWW, a seção multimídia da teia mundial que interliga cerca de 40 milhões de usuários de computadores. A corrida continua, mas quem já chegou ao espaço cibernético e garantiu um site provedor de informações (serviços on-line) pode constatar que não basta apenas estar nesta vitrine eletrônica. É preciso muito mais. As informações disponibilizadas precisam ser dilapidadas, objetivas e atrativas e a interatividade é uma chave para o sucesso da comunicação. Estar na vitrine não é suficiente; é preciso ser visto. Há empresas que tiveram poucos acessos até agora, outras nem sabem quais são suas estatísticas e começam a pensar em mecanismos que registrem os visitantes. Entre os que colocaram produtos à venda há casos em que os resultados foram irrisórios e nem sequer pagaram uma parte dos gastos com o provedor de serviços (ou seja, aquele que faz projetos para as empresas participarem da Internet, viabiliza o acesso dos visitantes através de seus computadores e outros equipamentos e faz a manutenção da home page). Um dos exemplos é a paulista Brunella, especializada em doces e bolos. Foram apenas vinte pedidos em um mês, enquanto os gastos mensais para manter o site atingem R$ 800. O sócio da doceira, José Bento Henriques, garante que não se surpreendeu. Pelo contrário, esperava que ocorressem encomendas somente após quatro meses de divulgação. Outros garantem que a resposta do público tem sido boa, como atesta o Bradesco, com a venda de cartões de crédito: das 195 solicitações, em três meses, 43 foram negócios concretizados, o que representa um índice elevado (22%), já que nas malas diretas comuns o fechamento de vendas fica em torno de 3%, compara o diretor técnico do banco, Odécio Grégio. O percentual é alto, mas os negócios ainda são pequenos. Falta um universo maior de usuários que acessem a Internet, a divulgação das empresas em geral praticamente não existe ou é inexpressiva e muitos dos que entrarem para a WWW apressadamente o fizeram para estar na vanguarda, sem esperar resultados imediatos. Agora aproveitam para fazer adaptações da home page (as páginas de informações), corrigir falhas e incluir novos serviços, muitos dos quais sugeridos pelos visitantes. De qualquer forma, os executivos não têm mais pressa. Eles estão conscientes de que a Internet é um meio que ainda não está massificado no Brasil e só dará resultados a longo prazo. "Nossa expectativa a curto prazo é apenas a divulgação. Vendas, mesmo, só daqui a dois anos, porque muitas pessoas nem sabem o que é a Internet", conforma-se a diretora de marketing da Construtora Lider, de Belo Horizonte, Liliane Carneiro Costa Hermeto. "Em 1996 a Internet vai consolidar-se, com a entrada da Rede Nacional de Pacotes, grupos de redes de usuários e grandes empresas. Com os bancos financiando micros, a tecnologia chegará aos lares e, em 1997, haverá grande capacitação para acessar a Internet", prevê o diretor do Bradesco. Para o gerente de computação gráfica da agência de publicidade DPZ, Antônio Carlos Casari Kós, daqui a alguns anos a Web será uma excelente ferramenta de trabalho e também uma forma de mídia para divulgar os anúncios dos clientes da agência. CRESCE A OFERTA DE PRODUTOS Ivone Santana - de São Paulo Empresas expõem imóveis, computadores e cartões de crédito Comprar imóveis, doces, computadores e uma infinidade de outros produtos ou simplesmente fazer uma visita virtual a um hotel são apenas algumas das opções que os usuários da World Wide Web (WWW), a seção de serviços multimídia da Internet tem atualmente à disposição. Para o próximo ano o leque de alternativas será mais amplo e será até possível para os clientes do Bradesco consultarem seus extratos através dessa rede mundial de comunicações. No momento, o banco analisa softwares de segurança estrangeiros para escolher o mais adequado e implantar o serviço. Enquanto isto, faz somente divulgação institucional e mantém correspondência com usuários. Desde que entrou para a WWW, em maio último, o Bradesco passou a receber mensagens de várias partes do mundo e passaram a ser insistentes os pedidos de consulta a extratos por esse meio. "Em 1996 teremos de atender", rende-se o diretor técnico do banco, Odécio Grégio. As reivindicações partem, principalmente, de clientes brasileiros que estão no exterior. Sobre o receio de invasão de informações, como já ocorreu com outras instituições financeiras, Grégio opina que é preciso superar os temores do próprio pessoal interno do banco e dos clientes e que o lança-mento do serviço será demorado porque terá de ultrapassar barreiras culturais e tecnológicas. Enquanto isso não corre, o Bradesco trata de simplificar as informações que no início atingiam 80 páginas do site (serviço de informações on-line). Excesso de texto, imagem e fotos foram reduzidos e o boletim de notícias que era mensal passou a semanal e em breve terá versão também em inglês. A instituição recebeu, desde o início da operação, mais de 300 cartas de várias partes do mundo, contendo reclamações, pedidos de emprego, conselhos para compra de imóveis no País ou de outras formas de investimento, artigos sobre o sistema Financeiro mundial e oferta de serviços. Uma equipe responde, da melhor maneira possível, as mensagens. Há um mês no espaço cibernético, a Construtora Líder de Belo Horizonte, acaba de expandir a divulgação institucional para a venda direta, através de um catálogo eletrônico, distribuído em 40 páginas, que ainda sofre alterações. Os visitantes podem escolher imóveis residenciais ou comerciais, ver os dados em perspectiva (desenho) e a planta baixa (disponível só para os residenciais). Os imóveis são destinados à classe A e localizados em áreas nobres de São Paulo e Belo Horizonte, onde a construtora atua. Os interessados podem enviar uma mensagem por correio eletrônico, preencher cadastro ou fazer contato por telefone posteriormente. A diretora de marketing da Líder, Liliane Carneiro Costa Hermeto, não sabe quantos contatos foram feitos com a construtora por interessados que consulta a home page, mas já recebeu vários pedidos: os preços dos imóveis devem ser informados no site. As informações já estão sendo alteradas e os valores dos imóveis devem estar no ar nos próximos dias. Só não foi definido se serão os preços médios ou básicos, pois são vários empreendimentos com muitos apartamentos. Com hotéis em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, o Sheraton só divulga os dois primeiros na Internet, mostrando imagens das dependências e as facilidades que oferece. Por enquanto, não é possível fazer reservas pelo meio eletrônico, o que está programado para o futuro, afirma o gerente de sistemas do Sheraton Mofarrej, de São Paulo, Marcelo Vitor do Carmo. No primeiro bimestre do próximo ano o hotel disponibilizará para os hóspedes, em seu centro de negócios, computadores com acesso à Internet. PÁGINAS AMARELAS UNEM BRASIL E EUA Notícias e propaganda encontraram na Internet um meio adequado. A agência de publicidade DPZ estreou na home page em outubro com divulgação institucional, apresentando também notícias curtas, artigos opinativos sobre assuntos variados e agora está montando uma seção de portfólio, para expor uma campanha publicitária e comentá-la. Será criada outra seção com a ficha técnica das campanhas. A empresa de comunicação Manager levou para a Internet seu boletim de notícias Brazil Network, uma extensão em português e inglês do fax letter que edita. Junto segue o Brazil-USA Business Directory, uma versão eletrônica similar às páginas amarelas atualmente com 280 empresas, das quais dez brasileiras e o restante estrangeiras. Todas interessadas em fazer negócios com o Brasil. O presidente da Manager, Gilberto Di Pierro, espera aumentar para 4 mil o número de empresas anunciantes, em um ano. Dentro de dois meses o acesso ao boletim será cobrado (cerca de US$ 30 mensais), mas o Directory será grátis. Quem paga é o anunciante (US$ 30 por ano). A Agaxtur Turismo planeja para o futuro reservas para qualquer parte do mundo, por diversos meios de transporte, através do correio eletrônico. No momento, apenas faz publicidade de suas atividades em uma página de demonstração. MAPPIN ANTEVÊ FUTURO O Mappin participou da Internet com caráter promocional desde abril e em novembro decidiu partir para a venda de produtos, ampliando seus sistemas alternativos de comercialização que incluem uma loja eletrônica e a TV Mappin. A rede de lojas de departamentos começou timidamente com uma página institucional e outra com 12 produtos que poderiam ser pedidos por telefone. Agora o número acaba de ser ampliado para 20 a 30 itens, desde toalhas de banho até televisores, passando por binóculos, máquinas de costura, computadores, etc. Os pedidos continuam a ser por telefone porque a direção da loja quer aproveitar a central que atende a todos os seus sistemas de vendas, com 80 linhas e 60 atendentes. Por enquanto, não existem planos para que essa interação seja feita via correio eletrônico (E-Mail). "Existe uma estrutura complexa que envolve o mix de produtos, venda, recebimento do dinheiro, distribuição da mercadoria e a entrega, que desenvolvemos há quatro anos", justifica o diretor de comunicações do Mappin, Sérgio Orciuolo. O diretor garante que a oferta de produtos pela home page será ampliada para 400 a 500 itens até meados do próximo ano. Entretanto, não divulga quanto comercializa pela Internet nem os investimentos realizados. No ano passado, o Mappin faturou US$ 840 milhões, sendo 2% provenientes de todas as vendas alternativas. Com inauguração prevista para este sábado, a loja de informática Plug & Use também debutou na Internet. São 44 páginas com animações informando produtos e preços. Os pedidos podem ser feitos pelo correio eletrônico.