A fabricante norte-americana de aeronaves Boeing e a brasileira Embraer inauguraram nesta quarta-feira (14), no Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP), um centro de pesquisas sobre biocombustíveis para aviação.
O objetivo desse centro é coordenar e financiar pesquisas de universidades e outras instituições brasileiras para desenvolver novos biocombustíveis.
A Boeing e a Embraer não informaram quanto foi investido na instalação do centro, e afirmaram que já há parcerias sendo negociadas com universidades brasileiras.
Segundo o vice-presidente executivo de Engenharia e Tecnologia da Embraer, Mauro Kern, o centro já tem projetos de pesquisa de biocombustíveis a partir de diferentes matérias-primas, como cana-de-açúcar, óleo de cozinha usado, pinho-manso e palha de cana.
"O Brasil mostrou que tem potencial e já é referência na indústria de energia limpa, tendo criado as muito bem-sucedidas indústrias de etanol e de biodiesel", disse Kern.
Gol faz rota Recife-Noronha com 10% de biocombustível
No Brasil, a companhia aérea Gol é a única com rota fixa (Recife-Fernando de Noronha) feita com biocombustível, de cana-de açúcar. Segundo a empresea, as emissões nessa rota diminuíram 30%. As aeronaves utilizam 10% de biocombustível e 90% de querosene.
O mesmo avião pode usar combustível tanto fóssil quanto de biomassa, sem que seja necessário adaptar o motor. Assim, uma aeronave pode abastecer em diferentes países com biocombustíveis de origem variada.
Estudos mostram que biocombustíveis sustentáveis para a aviação emitem uma quantidade menor de carbono, de 50% a 80% inferior, ao longo de seu ciclo de vida do que o combustível de aviação fóssil.
Desde 2011, quando o uso desse tipo de combustível foi aprovado, já foram realizados mais de 1.600 voos no mundo com ele.
Indústria firmou compromisso de reduzir emissões de poluentes
"A indústria da aviação gera só 2% das emissões de carbono do planeta, mas ela cresce 5% por ano. Temos a responsabilidade de assegurar que esse crescimento será bom para o meio ambiente", disse a presidente da Boeing no Brasil e na América Latina, Donna Hrinak.
A executiva citou um compromisso firmado pela Iata (sigla, em inglês, para a associação internacional de transportes aéreos) que determina a estabilização das emissões de dióxido de carbono pelo setor aéreo na atmosfera até 2020. Até 2050, a meta é reduzir as emissões em 50%, tomando como base as emissões de 2005.
Uma das principais maneiras de reduzir as emissões é trocar parte do querosene, combustível de origem fóssil, por biocombustível.
A inauguração do centro de pesquisa da Embraer com a Boeing acontece após a publicação, em 2014, de um estudo feito pelas duas juntamente com Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), sobre os desafios da indústria de biocombustíveis para aviação.
Do UOL, em São José dos Campos (SP)